Thursday, November 06, 2008

SIM, NÓS PODEMOS...

SIM, NÓS PODEMOS...

Aloyzio Achutti. Médico.

(Artigo enviado para Zero Hora)

Confesso ter me emocionado ouvindo o discurso do novo Presidente dos Estados Unidos. Afinal compartilhamos do mesmo planeta nesta viagem sideral e - em se tratando de nossos irmãos do norte - tudo que lá acontece termina refletindo no resto do mundo.

Alimentava certa esperança, mas com tantas frustrações acumuladas, e nossa experiência de terceiro-mundista, desconfiava que os nobres ideais, restritos aos contos e filmes infantis como o Tom e Jerry - mais uma vez por lá - predominaria a vitória do mais agressivo e mais arrogante.

A continuidade política, a genealogia e a figura do herói de guerra, com seqüelas que poderiam justificar atitudes de vindita, pareciam elementos bem arranjados para vencer alguém que, até bem pouco, poderia seria considerado como representante das minorias étnicas alijadas do poder.

Depois de esquentar a guerra fria e quase desencadear um cataclisma atômico, de ignorar a lenta destruição da terra através do aquecimento global, depois que as trombetas soaram fazendo ruir as duas torres, no fragor de duas guerras espoliadoras e mal explicadas, depois da débâcle do sistema financeiro, mais uma vez sobra o recurso ao estereótipo também disseminado pelo cinema. Os heróis de última hora têm chance de conseguir dar meia volta no rumo da história e surge Barack Houssein Obama.

Muito bem articulado seu discurso da vitória em Chicago, ele recorre ao slogan “sim, nos podemos”. Dupla interpretação é possível: poder como chance e oportunidade para os desesperançados, e poder como força e potência para os acostumados com a arrogância.

Passada a euforia haverá que enfrentar problemas reais e estruturas enrijecidas pelo tempo e pelos interesses contrários, mas como ele mesmo o disse: “esse é nosso momento”, e a oportunidade de caminhar em nova direção.

Além do impacto mundial que possíveis mudanças no país mais poderoso do mundo possam nos acarretar, a mensagem simbólica do que aconteceu na América do Norte - queiramos ou não, nosso modelo de desenvolvimento - nos dá alento para repetir também “sim, nos podemos”, ao menos continuar sonhando com um mundo melhor.

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