Saturday, August 01, 2009

Chimarrão, Mate e Colesterol

São Paulo, sábado, 01 de agosto de 2009

Recomendado pela Dra. Maria Inês Reinert Azambuja
Chimarrão e chá-mate reduzem colesterol "ruim"

Níveis do LDL no sangue caíram até 13,1% 40 dias depois do início do estudo

Estudo feito na UFSC aponta que consumir regularmente 1 litro de bebidas feitas com erva-mate por dia também aumenta o colesterol "bom"

Fernando Moraes/Folha Imagem
Cuia de chimarrão, feito de erva-mate, que, segundo
o estudo, reduz os níveis de colesterol "ruim"


FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O consumo regular e diário de ao menos um litro de bebidas feitas à base de erva-mate (chimarrão ou chá-mate, por exemplo) é capaz de reduzir os níveis de colesterol "ruim" (LDL) e de aumentar a concentração de colesterol "bom" (HDL) no sangue, aponta estudo feito na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).
Durante dois anos, os pesquisadores acompanharam 102 pessoas, sendo que 15 tinham o colesterol normal, 57 tinham o colesterol alterado -mas não tomavam nenhum medicamento- e 30 pessoas tinham hipercolesterolemia e faziam tratamento com estatinas.
Considera-se colesterol normal níveis de LDL menores do que 100 mg/dl e níveis de HDL acima de 40 mg/dl (homens) e de 50 mg/dl (mulheres).
No decorrer do estudo, os voluntários tinham de tomar 330 ml de bebida feita com a erva três vezes ao dia. Os níveis de colesterol no sangue foram medidos três vezes um mês antes do início do estudo e foram reavaliados 20 e 40 dias depois. Em todos os casos, houve redução dos níveis de LDL.
Segundo Edson Luiz da Silva, professor de bioquímica clínica da UFSC e orientador do estudo, entre aqueles que tinham o colesterol normal, a redução do LDL foi de 7,3% (ou 8,3 mg/dl) 40 dias depois. O HDL aumentou 3,9% (ou 2,6 mg/dl).
Nas pessoas com colesterol elevado, mas que não tomavam nenhum tipo de medicação, a redução do LDL foi de 8,6% em 40 dias (ou 13,7 mg/dl). Nesse período, o índice de HDL aumentou 4,4% (ou 2,1 mg/dl).
Por fim, os pacientes com hipercolesterolemia e que faziam tratamento com estatinas apresentaram queda de 13,1% (ou 17,7 mg/dl) nos níveis do colesterol "ruim" depois de 40 dias. Os níveis de HDL aumentaram 6,2% (ou 2,8 mg/dl).
Dados da Organização Mundial da Saúde apontam que a cada 1 mg/dl do LDL (colesterol "ruim") que a pessoa reduz, o risco de doença cardiovascular também cai 1%. E cada vez que a pessoa aumenta 1 mg/dl o HDL (colesterol "bom"), ela reduz o risco das doenças em 3%.

Mecanismo de ação
De acordo com Silva, os componentes antioxidantes da erva-mate ajudam a diminuir a absorção do colesterol da dieta no intestino e também auxiliariam na diminuição da produção de colesterol pelo fígado.
Segundo o professor, o objetivo do estudo era comprovar que os componentes da erva-mate são importantes no controle do colesterol e, consequentemente, na redução de um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de doença cardíaca. "Conseguimos trazer evidências de que a erva-mate é protetora", diz.
Outro fator que chamou a atenção de Silva foi o benefício extra que a erva-mate causou aos pacientes que tomam estatinas. "O consumo regular teve um efeito somatório ao dos medicamentos e trouxe um benefício adicional. Ela poderá ser usada com um adjuvante ao tratamento", afirma.
Os pesquisadores não avaliaram se o consumo da bebida em menor quantidade proporciona os mesmos benefícios.
O cardiologista Marcos Knobel, coordenador da Unidade Coronariana do hospital Albert Einstein, diz que os resultados são interessantes, pois comprovam que mais um alimento é eficiente no controle do colesterol. "Indiretamente, a erva-mate proporciona uma proteção semelhante à do chá verde."
O cardiologista Antonio Chagas, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, diz que o cacau e a casca da uva também têm bons resultados no controle do colesterol.
"Toda medida dietética que inclua mudanças de hábito de vida é superválida. A pesquisa mostra o benefício da erva-mate, mas ainda precisamos de estudos maiores para saber se essa bebida poderá receber uma indicação clínica", diz.
Knobel concorda e diz que o próximo passo é fazer um estudo epidemiológico para saber se a erva-mate também tem impacto direto na redução de eventos cardíacos (como infarto e AVC) e na mortalidade.

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