Eu também não sabia que o Ruy havia falecido. Tivemos vários momentos comuns em nossa vida. Ele da Cardiologia também se interessou pela Epidemiologa. Um momento especialmente gostaria de citar, inclusive por que foi um ponto de partida para muito de minha trajetória posterior: ele participou daquele estudo sobre mortalidade em 12 cidades das Américas e da Inglaterra que serviu de base para a constatação pela Assembléia Mundial da Saúde de que países em desenvolvimento tinham dupla carga: além das peculiares ao subdesenvolvimento, as mesmas dos países desenvolvidos, incluindo Cardiovasculares. Dai surgiu a abertura par o interesse pelo que eu estava propondo daqui, de quase fim do mundo...
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Saúde pública perde Ruy Laurenti
Publicado por admin - Monday, 22 June 2015
MEMÓRIA
O professor, ex-diretor da Faculdade de Saúde Pública, ex-pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária, primeiro ouvidor da USP e um dos maiores especialistas em epidemiologia do Brasil morreu no dia 12 passado, aos 84 anos
IZABEL LEÃO
O professor Ruy Laurenti, um dos principais nomes da epidemiologia brasileira, morreu no dia 12 passado, aos 84 anos. Ele formou gerações de epidemiologistas e é considerado pelos pares um grande humanista e inspirador dos profissionais da área hoje em atividade.
Foi chefe do Departamento de Epidemiologia, vice-diretor e diretor da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária da USP, vice-reitor da Universidade, entre 1990 e 1994, e primeiro ouvidor da USP (de 2001 a 2010). Era professor aposentado da FSP, atuando até o último instante.
Formado em Medicina em 1957, com doutorado em Cardiologia também pela USP, tornou-se professor livre-docente e professor titular (1979) em Epidemiologia da FSP. Recebeu o título de Professor Emérito da USP e de Pesquisador Emérito do CNPq.
Como pesquisador, contribuiu na área de saúde pública, com ênfase em epidemiologia, atuando principalmente nos temas epidemiologia, mortalidade, saúde materna, estatísticas de saúde e classificações internacionais de doenças e problemas de saúde. Foi diretor do Centro Colaborador da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a família de classificações internacionais (Centro Brasileiro de Classificação de Doenças).
Referência – Para o professor Luis Eugenio Souza, presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), a importância do professor Ruy Laurenti para a saúde coletiva é imensa. “Seus estudos epidemiológicos sobre a mortalidade segundo causas – doenças cardiovasculares, sobretudo – ou grupos populacionais, com destaque para a mortalidade materna, são referências não apenas para os pesquisadores da área, mas também para os formuladores de políticas de saúde.”
Souza lembra ainda que, internacionalmente, a contribuição do professor Ruy Laurenti para o estabelecimento de classificações, terminologias e padrões de uso em saúde foi reconhecida com diplomas de honra ao mérito pela Organização Panamericana da Saúde (Opas), em 2002, e pela OMS, em 2005. “O professor Laurenti ajudou a formar milhares de sanitaristas, como docente da Faculdade de Saúde Pública e como autor de 162 artigos, 27 capítulos e dez livros, entre outros documentos. Que sanitarista brasileiro, formado depois de 1987, ao menos, não estudou o seu livro (em coautoria com Mello Jorge, Lebrão e Gotlieb) Estatísticas de Saúde? A Associação Brasileira de Saúde Coletiva tem a honra de ter o professor Ruy Laurenti entre seus associados e como um dos membros do corpo editorial da Revista Brasileira de Epidemiologia“, declara o presidente da Abrasco.
Para o professor titular e chefe do Departamento de Prática de Saúde Pública da FSP Oswaldo Yoshimi Tanaka, “Ruy Laurenti foi um médico sanitarista que contribuiu substancialmente com as políticas de saúde desde a época de 70, implementando estratégias de combate à mortalidade materna e infantil. Do ponto de vista acadêmico, contribuiu para a formação do Centro Internacional de Classificação de Doenças, que foi fundamental para conhecer a morbimortalidade no Brasil e em todos os países da América Latina”.
Atualmente, Laurenti atuava como docente permissionário da Universidade de São Paulo e era diretor do Centro Colaborador da Organização Mundial da Saúde para a Família de Classificações Internacionais (Centro Brasileiro de Classificação de Doenças).
Foi um dos responsáveis pela implantação no Brasil de um modelo único de declaração de óbito (atestado de óbito), além da implementação de um Sistema Nacional de Mortalidade (1975/76) e da Declaração de Nascidos Vivos e do Sistema de Informação de Nascidos Vivos (Sinasc), em 1992.
No que diz respeito à prestação de serviços à comunidade, o professor fez a versão para o português da Nona e Décima Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-9 e CID-10), que é utilizada em todos os países de língua portuguesa. Em 1999 prestou assessoria e treinamento pessoal a grupos de vários países latino-americanos e de outros continentes.
Em 1999, convidado pela OMS, ministrou cursos de treinamento no uso da CID-10, bem como em estatísticas de saúde, a profissionais de cinco países do sudeste asiático: Sri Lanka, Tailândia, Maldivas, Butão e Myanmar. No ano de 2000 Laurenti foi indicado pela OMS como membro do “WHO Committee of Experts on Measurement and Classification for Health”.
Nasceu em Rio Claro (SP). Depois de ter ingressado na Faculdade de Medicina da USP, em 1952, nunca mais saiu da Universidade nem parou de atuar.
Colaborou Marcellus William Janes, assessor de comunicação institucional da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP
Grande perda para a Ciência brasileira. Também não sabia desse triste fato.
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