Tuesday, August 30, 2016

De Hobbes a Rousseau

Artigo na ZH de hoje de meu companheiro de Hidroginástica

Antonio Domingos Padula: de Hobbes a Rousseau: selvageria ou civilização? 

Antonio Domingos Padula: de Hobbes a Rousseau: selvageria ou civilização? Professor titular na Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

30/08/2016 - As estatísticas e os últimos acontecimentos sobre a violência e a
insegurança pública  no Rio Grande do Sul revelam que a sociedade gaúcha
está avançando a passos 
largos para o que o filósofo do século 17, Hobbes,
chamava de estado de 
"guerra de todos contra todos", ou seja, estado natural de
selvageria. Contrapondo Hobbes, 
outro filósofo, do século 18, Rousseau,
argumentava que o homem nasce bom, mas a 
sociedade o corrompe.
Hobbes e Rousseau propunham meios e caminhos para tornar a 
existência
humana civilizada e suportável.








Hobbes defendia que o papel civilizador deveria ser desempenhado pelo Estado, que chamou de Leviatã. Para Hobbes, o Estado deve criar regras de convivência social e exercer poder de polícia para impedir que os indivíduos se comportem de forma selvagem. Já para Rousseau, o processo civilizatório deveria ser conseguido por meio da celebração de um contrato social, que incentive e leve os indivíduos a se comportarem de forma civilizada.
No século 20, economistas institucionalistas (Coase, North, Williamson) argumentaram que para que haja desenvolvimento econômico e social, faz-se necessário estabelecer uma estrutura de regras de convivência social que incentive o comportamento colaborativo e desestimule o comportamento oportunista. A aproximação do estado de "guerra de todos contra todos" que nos encontramos parece que tem sua origem delineável. Tanto o Estado quanto a sociedade gaúcha foram, ao longo do tempo, estabelecendo contratos e regras de convivência que levaram o Estado a se afastar da razão de sua existência. Passou-se a responsabilizar o Estado por um conjunto vasto de serviços e atividades que ultrapassam sua capacidade de financiamento e execução.
Ao longo desse processo, o Estado acabou sendo capturado pelas corporações de ofício (sindicatos e representações de classes) de servidores dos três poderes, que se tornaram mais poderosas que o Estado e passaram a obter rendas (rent seeking) maiores do que a sociedade é capaz de financiar com o pagamento de impostos.
Assim, não resta ao Estado e à sociedade gaúcha outra alternativa que não seja a repactuação de um novo contrato social. Ao Estado, conforme os filósofos e economistas, cabe tão somente zelar pelas regras de convivência social que levem à segurança, ao desenvolvimento e à liberdade dos indivíduos. "Nunca antes na História", a sociedade esteve tão desejosa de que o Estado cumpra seu papel. A presença da Força Nacional no RS é bem-vinda, mas é apenas um paliativo efêmero.

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