Friday, September 01, 2017

Bortolo Achutti e família


Bortolo Achutti, o primeiro fotógrafo da UFSM – Artigo do professor Luiz Gonzaga Binato de Almeida

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Jornal APUSM
Imagem: de fotografia original: Santa Maria, 1937, autor Artur Koehn, sépia, 14 cm x 18 cm, acervo Lia Maria e Maria Helena Cechella Achutti, disponível em http://cechella.com.br/netos.htm.
Imagem: de fotografia original: Santa Maria, 1937, autor Artur Koehn, sépia, 14 cm x 18 cm, acervo Lia Maria e Maria Helena Cechella Achutti, disponível em http://cechella.com.br/netos.htm.
 Luiz Gonzaga Binato de Almeida 
Arquiteto e professor aposentado
 Dia desses, na rua Dr. Francisco Mariano da Rocha, perpendicular ao prédio da Câmara de Vereadores, deparei-me com a última morada do fotógrafo pioneiro da UFSM, Bortholo Achutti. Refiro-me ao n.º 101 daquela via, casa cujo primeiro proprietário foi o belga Carlos de Baumont (engenheiro municipal de Santa Maria, esposo de Rachel de Baumont e pai de Jeane Antoinette Baumont, assassinado em Santo Antônio da Patrulha, nos meados dos anos 1930).
O referido Bortolo Achutti, em 11 de fevereiro de 1953, foi admitido como técnico de laboratório da antiga Faculdade de Farmácia de Santa Maria, então anexa à URGS. Foi integrado ao Quadro de Pessoal Permanente, desta Universidade, em 29 de julho de 1960. No ano seguinte, passou a atuar como fotógrafo da recém-criada USM, graças à sua experiência na área. Entre outras atividades universitárias, foi fotógrafo-chefe do Departamento de Fotografia, membro da Comissão de Publicidade e chefe do Departamento Cultural da UFSM. Aposentou-se em 1968.
Sua tarimba farmacêutica vinha de longe. Em 21 de setembro de 1934, a Diretoria de Higiene e Saúde Pública do Estado concedera-lhe Alvará de Licença para o exercício de “oficial de farmácia”. Nessa condição, foi proprietário (1939 a 1942) da Farmácia Popular, em Agudo, então distrito de Cachoeira do Sul. Em Santa Maria, trabalhara na antiga Farmácia Fontenelle, situada na rua do Acampamento, 32, adquirida (1.º/5/1926) por Antônio Rizzato e Léo Pinto da Silva, a qual originou a Organização Farmacêutica Rizzato. Achutti também fora funcionário da Farmácia da Faculdade, instalada na av. Rio Branco, 863, que servia de apoio à Faculdade de Farmácia de Santa Maria.
Bortolo Borin Achutti era santa-mariense, nascido em 28 de outubro de 1898, filho de imigrantes: o libanês Antonio Mansur Achutti e a italiana Magdalena Miolo Borin. Desde jovem labutou em várias frentes. Solteiro ainda, foi desenhista da Viação Férrea. Talvez este trabalho tenha-lhe despertado a sensibilidade para as imagens visuais e, em consequência, para a fotografia. A paixão por tal arte, por seus equipamentos, seus laboratórios e processos, suas pesquisas na área, sua coleção de câmeras, foi constante em sua vida.
No dia 26 de outubro de 1927, casou com Luiza Cechella (SM,  15/2/1911 – SM, 5/12/1999). Tiveram três filhos, todos santa-marienses natos, bem conhecidos. A primogênita, nascida em 22/7/1928, foi Lia Maria Cechella Achutti, artista plástica formada na UFRGS (1951), professora da UFSM, agora aposentada, ex-diretora da célebre Escolinha de Artes e do Centro de Artes e Letras desta Universidade. Sua irmã, a doce Maria Helena Cechella Achutti, nascida em 3/9/1930, diplomou-se em Farmácia pela UFRGS (1952) e lecionou na UFSM. O caçula Aloyzio Cechella Achutti nasceu em 1º/7/1934. Tornou-se renomado médico cardiologista, pesquisador e professor universitário,  percorreu uma luzente trajetória profissional. Formado na UFRGS (1958), atua na capital do estado.
Talvez o gosto pelas imagens e a índole para a pesquisa fotográfica, próprias de Bortolo Achutti, manifestaram-se na arte da filha Lia Maria e nas atividades do neto Luiz Eduardo Robinson Achutti, fotógrafo e antropólogo, professor do Instituto de Artes da UFRGS e doutor em antropologia visual.
Pessoalmente, não conheci Bortolo Achutti. Ele faleceu em 19 de novembro de 1977, ano no qual aqui me fixei. Sua viúva sobreviveu-lhe, nesta cidade, até 5 de dezembro de 1999. Os três filhos permanecem vivos.
A fotografia, acima reproduzida, mostra Bortolo Achutti com sua família, em 1937. Ele, no vértice do triângulo da composição, a esposa Luiza, à direita, e os filhos Lia Maria, Maria Helena, à frente, e o pequeno Aloyzio, sobre o peitoril da janela. Essa clássica foto foi obtida em estúdio, prática em voga na época. Serviu de cenário, o ateliê de Artur Koenh, fotógrafo casado com Ada Bopp, uma prima de Luiza, esposa de Bortolo.
Artur Koehn seguiu o trabalho do pai, Ferdinand Koehn, estabelecido com ateliê fotográfico nesta cidade, na atual rua Dr. Bozano, antigo n.º 78 A, entre Serafim Vallandro e Duque de Caxias, quem desce à direta. Com a morte de Ferdinand (24/7/1913), a viúva Alvina Koehn assumiu a atividade. Nos finais da década de 1920, passou o ateliê ao primogênito Artur. Anos depois, este se transferiu para Porto Alegre, onde abriu a Fotografia Koehn, na Rua Cristóvão Colombo.
Além das leituras complementares, sugiro a prazerosa fruição de imagens obtidas pelo fecundo Bortolo Achutti, um dos responsáveis pela memória iconográfica da UFSM e de Santa Maria.
          Leituras complementares: Em amicorextension.blogspot.com. br/2012/10/bortolo-achutti-1898-1977.html?view=flipcard, o Dr. Aloyzio Achutti relata experiências fotográficas do progenitor.
O livro Casata Cecchella Cechella: descendência de Luigi Cecchella e Maria Luiza Link (Santa Maria: Pallotti, 2004), organizado por Luiz Fernando Cechella e outros familiares, contém dados e depoimentos sobre Cechellas, em geral, e Achuttis

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