Saturday, December 01, 2018

UFRGS-Jubilados 60, 50 e 25 anos

Associação dos Antigos Alunos da UFRGS celebrou ontem

No meio dos "bichos" da Medicina de 25 anos

60 anos
Aloyzio Achutti
Saudações iniciais…


Sinto-me privilegiado por poder estar ainda aqui celebrando, com meus colegas da turma médica de 1958 a conclusão de nosso curso, e ao mesmo tempo honrado com convite para falar em nome dos colegas das outras onze unidades existentes na época em nossa Universidade.
Nossa Faculdade de Medicina foi a segunda a ser criada (em 1898) portanto completando agora 120 anos, exatamente o dobro de nossos sessenta de hoje. Esse número, convencionou-se representar na vida de uma pessoa o marco da senectude. Na vida profissional - aos que conseguem chegar até aqui - pode significar experiência e memória de muitas histórias para contar…


Segundo me consta, estamos de volta à inauguração deste magnífico Salão de Atos, pois fomos a primeira turma a utilizá-lo com local de formatura. Essa obra arquitetônica faz parte do conjunto recém construído na expansão do campus central da época em que nosso Reitor era o eminente Professor Eliseu Paglioli. Um filho seu era nosso colega de turma, recebeu o diploma das mãos de seu pai e, felizmente hoje está também aqui presente..
Havíamos escolhido como  Paraninfo o saudoso Professor Rubens Mário Garcia Maciel, que por sua vez, em 1937, escolhera como patrono, nosso reitor de 1958, numa feliz coincidência
Durante nossa vida Profissional tivemos oportunidade de apreciar um desenvolvimento técnico-científico acelerado, exigindo permanente adaptação daquele equipamento que recebemos durante nossos cursos acadêmicos. Mas foi a base em cima da qual conseguimos pôr em prática as maravilhas de hoje. Não mudaram os princípios éticos e humanos sobre os quais debruçamos nossa formação, embora estejam sempre ameaçados pela constante necessidade de adaptação e tentação de ultrapassar seus limites.
O tempo nos permitiu apreciar, participar, sonhar, imaginar e alcançar as recompensas de missão cumprida, amizade e afeto de tanta gente que fomos encontrando em nossos caminhos.
O panorama mundial entretanto ainda se constitui numa contínua frustração pela nossa incapacidade de controlar a violência, o tribalismo, a desigualdade, a ganância, a deterioração de nossas instituições e de nosso ambiente, a drogadição, o instinto de morte. É difícil avaliar se o que vemos é expressão de uma piora, ou se estamos apenas tendo mais chance de conhecer o que estava anteriormente oculto.
Temos mais motivos de distração, desviando nosso olhar dos problemas que temos para resolver, fugimos de tudo que deveria nos causar compaixão.
Aprendemos que as causas das causas do problemas de Saúde, situam-se fora do setor saúde, tornando-o objetivo comum e  de interesse a todas as disciplinas. Aprendemos que só com médicos, ou mais médicos, não conseguiremos um mundo melhor ou feliz. Na época de nossa formatura já dizia o Diretor da Organização Mundial da Saúde Halfdan Mahler “se nada mais for descoberto com a ciência,
mas o que já existe for posto ao alcance de todos, haverá mais saúde no ano 2000”.
O novo século chegou, já se passaram sessenta anos e nossa incompetência em administrar nossa própria casa fica cada vez mais evidente..Longevidade aumentou principalmente por redução da mortalidade no início da vida, mas sem assegurar um desenvolvimento emocional, intelectual e social para as novas gerações. Ao menos não na proporção do aumento populacional e da disponibilidade de recursos tecnológicos. As desigualdades permanecem ou aumentam. Nossos conhecimentos sobre determinantes do comportamento humano ainda deixam muito a desejar. Os recursos disponíveis para a comunicação se desenvolveram enormemente, mas em vez de servir para nos aproximar, têm contribuído para a desinformação, segmentação e descrédito. Fomos à Lua, estamos tentando sair de nossa Galáxia e até vislumbramos os umbrais do universo. Às vezes dá impressão que estamos tentando abandonar nossa morada antes que se destrua....
Em nossa turma de Medicina éramos oitenta e oito, dos quais provavelmente menos da metade teve condições para hoje celebrar conosco. Muitos só permanecem em nossa memória e da população por eles atendida.


Ao lembrar colegas, é hora de lembrar também nossos familiares, professores, funcionários, pessoal dos hospitais e serviços onde exercemos nossas profissões, nossos clientes e  oportunidades de praticar e nos sentirmos úteis e realizados. Entidades profissionais, associações como a dos Antigos Alunos desta Universidade… Nada teríamos feito, ou teria acontecido se tivéssemos agido sozinhos.
Eu, em particular, preciso agradecer minha esposa e colega Dra. Valderês Antonietta Robinsonque fará parte dos sexagenários de profissão dentro de dois anos. Foi por causa dela que estou aqui neste momento, se não, teria feito parte da turma do ano passado como formado em Engenharia (cujo curso tem um ano menos que a Medicina)...


Devo dizer que me sinto como um veterano de sessenta anos, abraçando os demais e desejando saúde, felicidade e sucesso aos calouros de cinquenta e vinte e cinco anos!...

Agradecendo à Professora Jussara Issa Musse pela organização deste festejo.

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