Conheça a obra de Lia Achutti, falecida na semana passada
25 Setembro 2019 08:30:00
Luiz Gonzaga Binato de Almeida escreve sobre a artista
Colaboração*
Foto: acervo de Luiz Gonzaga Binato de Almeida
Essa obra participou, inicialmente, de uma bienal de artes na França. Em maio de 2012,
foi exposta na mostra "Jardim de Panos e Linhas", na Sala Angelita Stefani, da Universidade
Franciscana (UFN) e, foi doada pela artista ao curador da exposição, autor deste artigo
Conservo, na sala do meu apartamento, essa obra de Lia Achutti, falecida dia
18 passado. Composto por retalhos têxteis e bordados, o trabalho, com
12 centímetros de lado, participou há anos de uma bienal de artes na França.
Ele contém a delicadeza, o apuro técnico e os cuidados próprios da artista.
Recebi esse trabalho como um mimo da autora, em agradecimento pela
curadoria que realizei da sua retrospectiva Jardim de Panos e Linhas. Essa
exposição de 39 peças ocorreu de 3 a 25 de maio de 2012, na Sala Angelita
Stefani, da Universidade Franciscana (UFN).
A meu pedido, a TV Santa Maria produziu um documentário sobre Lia Achutti
para ser apresentado na referida mostra. Os depoimentos foram gravados no
apartamento dela, no Edifício San Lorenzo, na Rua Tuiuti, 2.366.
Assisti ao documentário, consciente de tratar-se de um relevante registro da
memória das artes visuais nesta cidade.
Lia e Maria Helena, as irmãs Cechella Achutti, acompanharam os visitantes
em todo o período da mostra consagradora. Apesar das limitações para
locomover-se, Lia não mediu esforços para bem receber os apreciadores
da sua arte.
Fugazes foram meus primeiros contatos com ela, na Sala de Exposições da
Reitoria, em 1977, logo que aportei como docente da UFSM. Em 1986, meu
filho Guilherme, de quatro anos, hoje arquiteto e urbanista, doutor em Arquitetura,
teve aulas na Escolinha de Artes da Universidade Federal, uma das mais
importantes realizações da professora Lia.
Desde 2007, publico textos-legendas de fotografias de época. Para o livro
Retratos & Memórias, editado pela Fundação Eny (2007), para a coluna
Imagens da História, do jornal A Razão, e agora para essa página do Diário,
tenho contado com inúmeros colaboradores que me cedem imagens antigas.
Dentre eles, sou grato a Lia Maria (in memoriam), a Maria Helena e a Aloyzio,
filhos do excelente fotógrafo Bortholo Achutti, pelo empréstimo do acervo da
família.
No livro Teatro Treze de Maio: um espetáculo de história (2016), estampei
uma fotografia de Lia, no antigo Centro Cultural, espaço instalado, de 1946 a
1992, no prédio que, desde 1997, serve novamente a essa casa de espetáculos.
Lia Achutti sempre declarou que desejava manter nossa amizade.
Nos seus 90 anos, compareci à linda festa de aniversário, amavelmente recebido
por ela, pela doce Maria Helena e por membros da família. Lia e eu não sabíamos
que seria essa a nossa despedida. Ocorreram ainda alguns telefonemas, por
iniciativa dela. Na derradeira partida, semana passada, estive com sua família,
exemplo de gentilezas e amabilidades, herança com certeza da educação de
Bortholo Achutti e Luiza Cechella Achutti, os quais não conheci. Agora essa obra
de Lia adquire um tom de saudade, uma forma da artista estar presente em meu
lar.
*O texto acima foi escrito pelo colaborador Luiz Gonzaga Binato de Almeida,
arquiteto e produtor cultural
São suas irmãs? Abrs especialmente na Valderez, minha colega da turma 1960
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