Saturday, April 17, 2021

Celita Maria Ludvig

Há 50 anos...

Celita Maria Ludvig
Estou escrevendo para lembrar uma história - e homenagear e agradecer a tanta gente com ela comprometida - para nós se iniciou há meio século, e as principais protagonistas são a Valderês Antonietta e a Celita Maria.

Os cenários se relacionam com as famílias Robinson-Achutti e Kühn-Ludvig. Nos nos beneficiamos e de certa forma privamos a família dela de seu convívio pleno, mas que felizmente se mantém e no qual também nos de certa forma participamos.

Minha intenção é de escrever com mais detalhes aos quais certamente muito contribuiria a participação da Valderês, se pudesse. Tento falar um pouco em nome dela.

Ficarei atento para depoimentos que vocês quiserem acrescentar para uma memória mais completa que já se vai perdendo no tempo e com as pessoas, mas é bom que fique registrado como uma história feliz de nossas vidas. Sei que não vou conseguir chegar a todos que poderiam contribuir, mas conto com a colaboração dos que puderem fazer o texto chegar a quem não estou conseguindo atingir.


Há 50 anos…

Também num sábado, no dia 17 de abril de 1971, pelas 16 horas, a Dra. Valderês Antonietta Robinson Achutti acompanhada de sua tia Cecília Pizzani De Bortoli, no seu fusca bordeaux, foi ao interior de Tupandi, próximo a São Sebastião do Caí, na casa da família Ludvig. para buscar a Celita, segunda filha, que desde então vem nos ajudando em tudo que interessa nossas vidas domésticas.

Celita nascera em 19 de março de 1948, e lá mesmo crescera e fizera seu curso primário. Ela pertencia a uma família de oito irmãos, dos quais dois rapazes, estavam no seminário. O pai, José Ermindo Ludvig, agricultor e criador, mantinha extenso pomar de cítricos.

Sua mãe Ilse da família Kühn, teria ligações com a família do imigrante |Johan Link,. pai de minha bisavó Maria Luiza Link, uma das três filhas de seu primeiro casamento. Ele era dono de um moinho e uma filha do segundo casamento casou com um Kuhn, que deu o nome ao moinho, atualmente um ponto turístico (Parque Kuhn)

A roveitei para acrescentar esses dados genealógicos porque podemos nos encontrar novamente, lá por 1500, com Um Ludwig, entre os ancestrais dos Lichtler, família da avó Claudina Lichtler Robinson, da Valderês. Sabemos que podemos de qualquer forma nos considerar como de uma mesma família, mesmo que deixando nossas famílias originais.

Na época, Valderês estava com 39 anos, e com três filhos: o Luiz Eduardo já com 12 anos, aluno do Instituto Educacional João XXIII, a Ana Lúcia com 9 anos, no  mesmo colégio. Lucinha faziam tinha completado quatro anos, dez dias antes, e estava frequentando um Grupo Escolar Sepé Tiaraju, do qual não gostava muito.

Aqui en casa Valderês já contava com o serviço de uma moça chamada Almerinda, parente de alguém que trabalhava para a Doris Hegedus Grossman. Anteriormente tinhamos a ajuda da Zilda Tavares, que casou no mès de maio seguinte, com Alberto Benites. Celita vinha para substituí-la em suas funções.

Para que pudesse exercer sua profissão, e depois porque tivemos muitas solicitações para atuação inclusive no exterior, era necessário contar com alguém como tivemos a ventura de encontrar.

Tenho anotado que em março Valderês havia procurado uma agência de empregos em busca de potenciais candidatas.

Entretanto, a indicação da família Ludvig veio da Irmã Fabíola, minha amiga e cliente da Santa Casa, responsável pelo setor de Abreugrafia. Também a auxiliava outra freira, - mais idosa- Irmã  Theofrida. Eram de origem alemã, não sei se imigrantes ou de família de emigrantes, mas sei que mantinham relações com familiares da Alemanha, e nos deram vários presentes que de lá recebiam - chocolates, caixinhas decoradas, anjinhos dançantes de páscoa. Quando lembro tenho pena delas por preferirem nos mimar com presentes que recebiam da família. Eu tentava recusar, mas elas demonstravam que sentiam mais prazer em dar, do que usufruir de seus dons. Elas já faleceram há muito tempo, mas hoje sinto-me grato e com sensação de que deveria ter-lhes dado mais atenção do que algum atendimento médico que fiz, de uma passagem frequente para complementá-las quando por lá passava A Zilda já havia sido indicação delas.


Poderia escrever muito mais - é uma história de cinquenta anos - mas serão bemvindas mais contribuições para enriquecer nossa comemoração.

Abraços

Aloyzio, (também em nome da Valderês e de toda nossa família).


#Contriibuição do Luiz Eduardo:

Para contribuir com o texto o que segue:
 
Sempre incomodei todo mundo não seria a Celita que eu deixaria em paz.  Acho que lá bem perto da chegada dela eu imitava o sotaque de descendentes de imigrantes alemães que tinham o alemão desde criança como língua cotidiana. Cheguei a dominar bem a imitação e passei a falar assim na rua, nas aulas, as vezes o sotaque que a Celita praticamente não tem mais depois de tanto tempo sem poder falar alemão.

E, importante é a comida dela que é a comida que mais gostei e gosto até hoje, pode ser o restaurante caro ou não, o que , comparo sempre com a comida de Celita e acho que todas as outras poderiam ser melhores. Todas comidas, mas bife a milanesa, souflê, lasanha, bolinho de arroz em lugar nenhum chega perto do gosto que ela faz.

Celita muito obrigado por tudo, dedicar a parte melhor da tua vida entre nós e agora ainda ajudares nessa dureza que é ajudar hoje nas inúmeras perdas da mãe que sem boas pessoas ajudando, além do pai e das minhas irmãs, já não estaria mais sobrevivendo Beijos do Luiz Eduardo. 
--
 Luiz Eduardo Robinson ACHUTTI
 Fotógrafo, Antropólogo
 Professor Titular do Departamento de Artes Visuais  do Instituto de Artes da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Professor  Colaborador Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, de 2007 até 2014.
 Membro de Phanie - Centre de l'ethnologie et de l'Image - Paris.

#Depoimento da Lúcia Helena Robinson Achutti
Quando me dei conta que era gente, a Celita já existia ao meu lado, me cuidando.
Me levava e buscava no jardim de infância, me mandava tomar banho, me ajudava a fazer os temas mais chatos pro colégio. Eu odiava cortar figuras e palavras pra colar no caderno que a professora pedia. Ela me ajudava a procurar, cortar e montar. Tinha uma paciência enorme comigo.
Na hora de fazer o almoço, lá chegava eu pra "ajudar". Então eu subia num banquinho e ela me deixava bater os bifes pequenos, me dava pão torrado pra moer, passar açúcar e canela dos sonhos e assim por diante.
O lanche da tarde era o melhor do mundo. Todos queriam lanchar lá em casa e era sagrado, às quatro da tarde tava pronto. 
Em nenhuma casa se comia tão bem !!
Me carregava pra cima e pra baixo de criança. 
 Me levava e buscava no ballet, ajudava a me vestir pro colégio, comprava roupas no centro comigo( naquela época não exiatiam lojas nos bairros), me carregava junto na padaria, no supermercado, na fruteira, na lavanderia, por tudo.  Em todos os lugares  andávamos juntas. Até na missa de domingo.
O passeio que mais gostava era ir pra casa dela passar o final de semana. Com a Inês e a Bernadete, me ensinavam as coisas que faziam todos os dias, dar comida pros animais, como cortar o pasto, tirar leite de vaca, e outras tantas. Até hoje lembro de ouvir deitada na cama, os passos na casa com piso de madeira, ainda de madrugada, quando começavam a se preparar pra sair pra roça. Me sentia amada e bem recebida por todos.
Ah!! Tem os milagres da Celita.
Ela é a única que encontra o que ninguém acha; é a única que tira manchas impossíveis; só ela pode saber onde comprar uma coisa difícil; sabe todos os preços e os lugares mais baratos; sempre tem um presentinho de última hora pra gente dar pra alguém; tem ideias boas pra momentos complicados e mais uns quantos segredos.
9Se for contar cada coisa, momento, passeio, função que passei com a Celita, vou descrever toda minha vida. Desde os 4 anos ela tá na minha volta, depois com meus filhos, com meus pais e segue até hoje sendo mãe, irmã mais velha, confidente, conselheira, consultora,  companheira, salvadora da pátria!
Parte do que sou se deve a ela que me cuidou com tanto carinho. Agradeço de todo o coração essa convivência que dura até hoje.
Muito obrigada, Celitinha!! ♥️

#Depoimento do Rodrigo Ludwig Tagliari

Boa noite Dr. Achutti
Para contribuir com as memórias dos 50 anos da Celita com vocês, minha mãe acrescenta que, a pessoa que
 revelou o interesse da Celita em trabalhar em uma casa de família em Porto Alegre, foi uma paciente que ia
frequentemente de Tupandi para Porto Alegre realizar consultas e tratamentos médicos no hospital da freiras.
Seu nome era Amanda Flach Neis. Minha mãe também contou que todos ficaram surpresos com a chegada
da Dra. Valderes e seu fusca para buscar a Celita. Inclusive depois que elas foram embora, de volta para
Porto Alegre, minha mãe se escondeu no quarto para chorar, pois achou que nunca mais veria a irmã! 
Att, Rodrigo Ludwig Tagliari 

#Norton Luiz Benites
Filho da Zilda Tavares Benites, citada no texto. Pedi para ele enviar para a mãe 

[19/4 10:08] Nórton Luís Benites: Bom dia. Li. Muito bonito o registro. Vou passar para a Mãe. Abraço.
[19/4 10:20] aloyzio: Obrigado. Eu nao tinha encontrado o endereco dela e lembrei de te repassar.
Poucos dias depois da chegada da Celita foi o casamento de teus pais. A origem da indicaca para
vir para nossa familia foi a mesma das irmas da Santa Casa e  Celita veio substitui la. Um abraco
para Zilda e Alberto. Se ela quiser tambem escrever algo das memorias sera bem vinda. Abraco. Aloyzio
[19/4 10:25] aloyzio: Contei agora para a Cits e ela me disse que estavas de aniversario ontem
,lembrava q um ano depois de aqui chegsr havias nascido. zentao fizeste 49. lembra tambem que
no domingo do teu batizado fizemos churrasco aqui em casa. E bom guardar boas memorias. Abraco. Aloyzio
[19/4 10:26] Nórton Luís Benites: Isso, fiz 49. Tem relação lógica com os 50 anos da Celita com vocês.
Grande abraço.

#Maria Helena Cechella Achutti

13:57 (há 59 minutos)
Recentemente, por ocasião da Páscoa, mensagem da Celita sugerindo confecção da Osterbaum, ou Árvore da Páscoa, uma antiga tradição alema. Nossa sala ficou bonita; em uma orquídea com ramos já sem flores, colocamos ovinhos  decorados adquiridos pela Lia, quando visitou a Alemanha. Valderes sempre apreciou  muito  preparar as festas do Natal, da Páscoa, dos aniversarios da família ... a Celita, ao lado, participando. Dentre as delícias elaboradas pela Celita esta  o doce feito com a casca da vergamota, cortada em pedacinhos. Como expressao de carinho, quando alguem  da familia se  desloca de Porto Alegre para Santa Maria, leva uma delicada porcao para que possamos saborear. Lembro Celita, desde sempre, dando atencao, participando da vida dos seus sobrinhos ...seus familiares como um todo. Entre eles , nos encontramos todos nos! Muito obrigada, Celita!  Tia Helena


 

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