Jornal Mente Corpo do Dr. João Mariante publicou em dezembro de 2016, pag 10:
Aloyzio Achutti
Dá para acreditar em Papai Noel? A pergunta parece descabida, mas muitos de nós aceitamos essa ilusão durante algum tempo em nossa infância, assim como até hoje toleramos sem discutir muita coisa incerta, ilusória ou mentirosa. Convém crer, é melhor não duvidar, nem perguntar, e pode até não haver resposta…
É preciso haver um mínimo de compatibilidade entre conhecimentos e “verdades” utilizados em nosso cotidiano e, ao mesmo tempo, uma boa margem de tolerância, ou explicação razoável, para juntar ideias aparentemente conflitantes. Para viver bem não precisamos estar tentando testar a veracidade a cada momento, nem é preciso que todos tenhamos crenças iguais. Basta haver equilíbrio e estabilidade no conjunto de crenças de cada um, e haja respeito à diversidade.
Há quem diga que aquilo que chamamos de realidade não existe de fato (assim como Papai Noel), cada um lança mão da imaginação para construir um mundo como gostaria que fosse, ou como convém, e fique compatível com o restante de nossa memória pessoal. Dúvidas, discordâncias e contestações, nos causam algum desconforto, mas terminamos por nos acomodar.
A ciência foi criada para colocar um mínimo de ordem na casa, mas mesmo existindo um arquipélago de postulados científicos bastante sólidos nos quais nos agarramos, sobra sempre espaço a ser preenchido pela imaginação.
Gosto de repetir a frase de Albert Einstein: “imaginação é mais importante que o conhecimento”.
Afinal de contas não sabemos de onde, nem como surgimos, nem para onde vamos como espécie, nem o sentido e o destino desse mundo. Imaginamos um universo imenso, a se perder no limite da capacidade de nossos sentidos, e das máquinas inventadas para enxergar o inatingível. Mesmo assim, pelas distâncias que nos separam, estamos recém recebendo e misturando informações de mundos provavelmente já desaparecidos.
Não sabemos o que preenche os espaços entre os astros e seres palpáveis de cuja existência não ousamos duvidar, nem do microcosmo de partículas componentes cuja realidade está a exigir cada vez mais definições, teorias e elucubrações só concebíveis no domínio da imaginação…
Minha intenção inicial era de explorar o clima de descrédito e insegurança no qual vivemos, onde não sobra mais ninguém para se acreditar - assim como Papai Noel que já se foi. Ninguém sabe, ninguém viu, não há provas materiais, só indícios que podem corresponder a um plano conspiratório...
Ainda, voltando ao espírito natalino materializável na troca de presentes, deveríamos falar sobre o circuito da recompensa, radicado na satisfação gerada pelo mimo, pelo carinho, por qualquer ganho, propina, poder, perpetuando o caminho do prazer e do sucesso, no funcionamento do circuito cerebral naturalmente desenvolvido para garantir sobrevivência e evolução das espécies, mas isso terá que ficar para outra ocasião.
Enquanto isso - Feliz Natal!...
Em algum lugar bem escondido em nossas mentes, ainda acreditamos no Papai Noel que nos fez felizes em algumas ocasiões. Quando voltarmos a ser crianças de novo ele ocupará seu espaço novamente.
ReplyDelete