O Globo On Line
05/10/2005 - 13h24m
Parâmetros da boa saúde estão mais rígidos
Cintia Parcias, do Globo Online
RIO - Alarmadas principalmente com o avanço da síndrome metabólica - que hoje atinge de 25% a 35% dos brasileiros e é caracterizada por alterações nos níveis de colesterol, triglicerídeos, glicose e pressão sanguínea, somadas a uma medida elevada da cintura - associações médicas vêm adotando novos padrões de avaliação e reformulando recomendações. Nos últimos anos, muita coisa mudou; mas nem todo mundo se deu conta. Abaixo, conheça a regras e parâmetros mais atualizados para garantir uma saúde de ferro e adotar um estilo mais saudável de vida.
Medidas corporais
Um dos critérios de avaliação de risco cardiovascular e de diagnóstico da síndrome metabólica é a medida da cintura. Até o início deste ano, considerava-se como limite uma circunferência de até 88 centímetros para as mulheres e 104 centímetros para os homens. Mas a partir do 65º Congresso da Associação Americana de Diabetes, realizado em junho, essas medidas baixaram.
- Ficou oficialmente estabelecido que, para se manterem na lista de pessoas saudáveis, as mulheres devem ter cintura inferior a 80 centímetros e os homens, inferior a 94 centímetros - conta o endocrinologista Walmir Coutinho, que vai presidir do 6º Congresso Latino-Americano de Obesidade, a partir do dia 25, no Rio de Janeiro. Para verificar o peso, continua valendo o cálculo do índice de massa corporal (IMC), que considera obesa a pessoa cujo resultado for superior a 30. ( Calcule o seu IMC na capa do Viver Melhor )
Alimentação
A pirâmide alimentar usada desde 1992 por profissionais e instituições de saúde para prescrever a alimentação mais adequada a cada pessoa sofreu alterações para se adaptar às Diretrizes Alimentares para os Americanos, de 2005. A nova pirâmide é resultado de diversas pesquisas realizadas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
- As mudanças são a tradução das descobertas científicas destes últimos anos. Entre as novidades, podemos citar a maior ênfase nos vegetais e nas frutas, a preferência por laticínios desnatados ou semi-desnatados, por grãos integrais, por frutas em vez de sucos e por gorduras líquidas em vez de sólidas. Foi ressaltada também a importância da atividade física. Antes a pirâmide nem falava nisso - explica a nutricionista Bia Rique, representante oficial no Brasil da Associação Dietética Americana no Exterior.
As divisões da atual pirâmide são verticais. Cada tira representa grupos de alimentos e têm uma largura diferente, conforme a recomendação de ingestão daqueles itens.
Atividade física
De acordo com as recomendações do Colégio Americano de Medicina, da Associação Americana do Coração e outros órgão oficiais de saúde, todos devem fazer no mínimo 30 minutos diários de atividade física moderada (como caminhada), para sair da lista de sedentários.
- Isso não garante um emagrecimento eficaz nem uma forma física invejável, mas é o básico para a pessoa ser minimamente ativa - comenta a professora de educação física Ana Paula Silva, que faz parte do Centro de Estudo do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (Celafiscs).
Estes 30 minutos podem ser divididos em três sessões de 10 minutos ou duas de 15. O importante é manter a freqüência.
- Será um primeiro movimento para incluir a prática de exercício no dia-a-dia. Mas a partir daí a pessoa deverá adotar um programa mais elaborado e especificamente voltado para as suas necessidades, seja perder peso, diminuir o colesterol ou fortalecer a musculatura - ressalta Ana Paula.
Pressão
A hipertensão é um importante fator de risco para diversas doenças. Mas a pressão de 140 por 90, comumente usada para caracterizar a hipertensão, já não satisfaz mais a classe médica.
- Agora trabalhamos com um limite de 130 por 80, principalmente se o paciente apresenta outros fatores de risco para a síndrome metabólica - esclarece Walmir Coutinho.
Colesterol
Há alguns anos a taxa de colesterol máxima recomendável no sangue diminuiu de 260 para 200. Atualmente, porém, o colesterol total vem perdendo importância na análise geral do risco do paciente. Hoje se observam com mais atenção os níveis do bom e do mau colesterol isoladamente. Ainda não há consenso sobre a quantidade ideal de cada um. Tampouco sobre o que teria maior impacto para melhorar a saúde: aumentar o bom ou diminuir o ruim. Estes pontos serão, inclusive, tema de debate no próximo Congresso de Obesidade. Mesmo assim, a maior parte dos médicos está trabalhando com o seguinte padrão: HDL (colesterol bom) igual ou maior que 40 e LDL (o ruim) igual ou menor que 120.
http://oglobo.globo.com/especiais/vivermelhor/mat/169337755.asp