Caro amigo: recentemente a Anvisa decidiu diminuir a quantidade de iodo no sal. Em 2008 - há 5 anos tinha escrito no site uma coluna sobre o assunto. Com esta noticia resolvi recuperar o artigo que estou te enviando em anexo. Muitos colegas dizem que a Anvisa deveria está preocupada com a diminuição da ingestão do sal e não da quantidade do iodo no sal.
Um grande abraço
Porque estamos tendo tantos casos de doenças tiroidianas,
especialmente a tiroidite de Hashimoto.
Reginaldo Albuquerque – em abril de 2008
Na nossa prática diária temos notado um aumento progressivo
de pessoas com doenças tiroidianas. Os médicos que exercem
a sua prática no planalto central têm uma longa experiência no
acompanhamento de bócios, com ou sem alterações funcionais,
cretinismo endêmico e surdez congênita.
Ao longo dos últimos 40 anos vimos com alegria a diminuição dos
grandes bócios que exigiam tratamentos cirúrgicos.
Isto decorreu, sobretudo pela iodação do sal graças a uma lei
promulgada em 1950, como parte de um programa de fortificação
de alimentos destinado a prevenção de doenças, como o
bócio. Em 1956, um decreto atribuiu ao Ministério da Saúde a
responsabilidade de importação e distribuição do iodo à indústria
salineira. O sal necessário para a mistura era na forma de iodatos
que têm melhor solubilidade com o cloreto de sódio marinho. O
subsídio durou até 1971 quando o governo transferiu o ônus da
iodação a iniciativa privada e determinou que a fiscalização ficasse
a cargo dos estados. O limite fixado foi de 10 mcg por quilo de sal.
O padrão ouro para se verificar se o consumo de iodo pela
população, é o estudo da eliminação de iodo pela urina – a iodúria.
Pois bem, em 1994 uma portaria ministerial aumentou o teor da
mistura iodato/sal para 40-60 ug/kg (microgramas por kilo), pois
tinha sido detectada num estudo, uma deficiência crônica de iodo
na população. Em 1998, uma resolução da Anvisa aumentou a
proporção de 40 a 100 ug/kg de sal.
Os especialistas brasileiros no assunto alegam que não foram
ouvidos para esta mudança e o fato é que novos estudos realizados
entre 2000 e 2003 mostraram que 86,5 % de amostras urinárias
provenientes de estudantes tinham um excesso de iodo acima dos
limites preconizados pela OMS. ( máximo de 300 ug por litro de
urina/dia. – Mínimo de 100 ug)
Hoje se sabe que a utilização de iodo em excesso por mais de
3 anos pode causar tiroidite de Hashimoto, principalmente em
pessoas que têm predisposição genética e doenças auto-imunes e
que representam 15 % na população brasileira.
No Brasil, segundo estudos da USP foi encontrado 20 % de
prevalência de tiroidite de Hashimoto numa população do Grande
ABC, doença que leva à produção de anticorpos anti-tiroidianos,
hipotiroidismo e tratamento medicamentoso crônico por toda a vida.
Tiroidite de Hashimoto não tem retorno. O paciente dependerá de
reposição hormonal contínua.
Assim estaria sendo explicado, porque a cada dia estamos vendo
mais nos nossos consultórios casos de tireopatias, mas alguns
discordam e dizem que neste período houve um aumento do
consumo de sal que é de 14 a 16 g/dia. Outros pesquisadores
ainda afirmam que o que houve foi uma melhora das técnicas
diagnósticas, sobretudo da determinação de anticorpos anti-
tireoperoxidase (TPO) de maior especificidade e sensibilidade
quando comparadas com os exames anteriores.
Mas estudos em outros países, sobretudo na China, Inglaterra e
Estados Unidos, que utilizam igualmente a iodação do sal, vêm
mostrando o aumento da prevalência da tiroidite de Hashimoto.
Deve ser por isto que nos nossos consultórios estamos cada sendo
mais procurados por pacientes que querem saber se têm doença da
tiróide e “alias doutô é tiróide ou tireóide “
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