DEMOCRACIA REPRESENTATIVA ?

DEMOCRACIA REPRESENTATIVA
Aloyzio Achutti (Médico)

Costumamos definir nosso sistema político como uma “Democracia Representativa”, supondo que - na impossibilidade de cada cidadão participar diretamente do poder e da tomada de decisões de interesse comum - essas funções e responsabilidades possam ser transferidas para representantes eleitos (uma amostra imaginária do todo).

Quando se deseja conhecer e descrever cientificamente (epidemiologia) as características de uma população, usa-se também a amostragem como alternativa para não precisar examinar todo o universo. Entretanto, o rigor na seleção da amostra é o ponto mais crítico do processo.

Comparando os dois processos - o político e o científico - encontram-se enormes discrepâncias na busca  da representatividade, basta contemplar na política o uso da propaganda e de técnicas persuasivas (para não usar outros termos pejorativos).

Quando se fala de saúde/doença, felizmente a maioria da população é saudável, e é capaz de manter essa característica por longo tempo durante o ciclo vital.

Com a perspectiva política bem atual pensei em percorrer o caminho inverso - tentar a reengenharia de nosso perfil populacional a partir das características e comportamento de nossos políticos (amostra escolhida por eleições “democráticas e representativas”). Seria assim possível fazer um retrato do todo - da população. Ou nossas experiências no terreno da saúde não se aplicam ao domínio da cidadania e da civilidade?…

Pelo caminho reverso, se a representatividade política funcionar, há que tomar muito mais cuidado com vizinhos, fornecedores, prestadores de serviço, veiculadores de informações, e até com amigos. Confiabilidade se vai, solidariedade se corrompe, e facilmente formam-se quadrilhas procurando oportunidade para o saque e a pirataria.

Será que nossas eleições democráticas realmente nos representam?