#Mudou a medicina?
Aloyzio Achutti. Artigo que escrevi em 2017 e nõ lembro se foi publicdo. Pareceu-me um artigo com interesse atual, e no texto há um link para outro attigo mais antigo contando minhas experiências iniciais e um pouco da trajetória.
Recentemente, ao final de uma cerimônia num Serviço de Cardiologia, depois de ouvirmos o conferencista, o coordenador da sessão - provavelmente vendo-me como dos mais velhos na platéia - perguntou-me sobre mudanças na prática médica.
Respondi positivamente, mas de modo sumário, pela surpresa do questionamento, e porque não me parecia ser momento adequado para mais discursos.
A pergunta me ficou pairando e imaginei que pudesse ser objeto para este artigo.
Quase tudo mudou nesses sessenta anos, e mais aqueles de estudante. Entretanto fica difÃcil aceitar mudança nos objetivos fundamentais da medicina, relacionados com valores humanos, compaixão, alÃvio do sofrimento, promoção da saúde, respeito pela liberdade profissional responsável, e pela livre escolha do paciente.
Cumprimentei o conferencista por ter dado abertura para uma visão que privilegiava não somente a doença, mas a saúde, e a pessoa humana integrada na sociedade. Lembrei que há uma década havÃamos discutido um projeto “Investindo em Saúde” (https://goo.gl/9VUfjz) contando com a importância social da instituição hospitalar e sua potencialidade como oportunidade para promoção da saúde, pensando não somente em consumo mas também em investimento.
Nas últimas décadas houve enorme expansão dos recursos para diagnóstico, técnicas de intervenção e tratamentos, intermediação, automação, uso de estratégias de inteligência artificial e protocolos, diminuindo o significado do raciocÃnio clÃnico e do contato humano e familiar, enfim modificando profundamente a relação médico-paciente, dando-nos uma ilusão de que progresso cientÃfico e tecnológico podem substituir valores humanos.
São tantas as novidades que minha tentação em comentá-las também não coube neste artigo. Já fiz um relato histórico há 20 anos (https://goo.gl/tYaic1) “Faculdade de Medicina da URGS. Reminiscências” publicado no livro “Os Médicos Prescrevem no. 4”, sobre alguns aspectos que mais me chamaram atenção desde minha entrada para a universidade. Tenho que me limitar ao enunciado de que é uma ilusão a tentativa de considerar como descartável tudo que seja mais velho, ou substituÃvel inteiramente pelas maravilhas proporcionadas pela ciência e tecnologia.
Pensando no que eu iria selecionar para este artigo tive um pesadelo: Que tal um “scanner” de corpo inteiro localizado na portaria do hospital, onde o paciente seria depositado, e depois distribuÃdo automaticamente para a seção especializada competente para prosseguir na investigação e no tratamento? Se o paciente já tivesse implantado um chip monitor de múltiplas funções, uma viatura sem motorista, teria se encarregado pelo transporte, ou, quem sabe, teria sido recolhido por um drone evitando confusões de trânsito. Se ele ainda não estivesse ligado ao sistema de controle, a implantação e/ou ingestão de um sensor seria a primeira providência a ser tomada. Com o tempo e aperfeiçoamento dos sistemas de informação, até as caracterÃsticas do DNA poderiam estar permanentemente disponÃveis ao acesso, inclusive com as eventuais mutações ocorridas no decorrer da vida. Se necessário, um cateterismo poderia ser realizado contando com auxÃlio de um robot, cada vez com menos intromissão de médicos em seus comandos. Profissionais dessa categoria seriam cada vez menos necessários, substituÃdos por funcionários treinados para exercer a vigilância “on line” sempre que os alarmes fossem automaticamente acionados. Todas as possÃveis condutas estariam programadas em protocolos previamente testados e. ao final, os custos seriam automaticamente debitados na conta bancária do paciente, enquanto um laudo seria transferido para seu chip e ao mesmo tempo arquivado na central…
No comments:
Post a Comment