3.175 - AMICOR (26)
#com Dra. Valderês A. Robinson Achutti (*13/06/1931+15/06/2021)
Visitando um jardim no Japão em 2001PREÇO E VALOR DE MERCADO
Aloyzio Achutti. Membro da Academia Sul-Riograndense de Medicina
(enviado para ZH no dia 30/05/1997. Publicado em 07/06/1997)
Uma das últimas edições da revista Time trouxe um artigo sobre o homem que inventou a WEB (wide-world-web: grande rede mundial, Internet), uma história bem atual e fascinante.
A rede cibernética é comparada a um gigantesco cérebro eletrônico mundial e a posição de seu inventor na história da humanidade, à de um novo Gutenberg. Quem já ouviu falar em Tim Berners-Lee? Certamente mais gente ouviu falar nos bilionários donos da Micro-Soft e do Netscape, embora o sucesso destes esteja em grande parte ligado à criação do primeiro, que ainda anda de fuquinha e tem salário de professor.
Esta história leva a pensar no preço e no valor de mercado. Há quem diga que o criador da WEB não soube se posicionar adequadamente para valorizar seu produto. É possível. Mas era da essência de sua criação torná-la universalmente acessível, sem reservas, para acontecer este surpreendente e exponencial entrelaçamento.
Quando um produto se torna acessível a todo o mundo, vai perdendo preço no mercado e corre o perigo de perder também o valor, pela experiência de confundi-lo com o preço daquilo que se compra.
Transpondo esta observação para a área da saúde, pode-se tentar compreender um pouco mais um de seus enigmas. Em todo o mundo se faz um esforço para intervir preventivamente, cada vez mais precocemente, visando preservar a saúde e evitar as doenças. A base da Promoção da Saúde é habilitar pessoas e grupos a controlar os determinantes de saúde e doença, transferindo dos médicos e de outros profissionais os conhecimentos e técnicas até onde as pessoas e as comunidades forem capazes de assumir.
Quanto mais precoce a atuação, tanto mais simples suas características, podendo mais pessoas assumi-las e dominá-las. Quanto mais universal o domínio, tanto menor sua cotação no mercado, tanto maior o risco em se perder a percepção de seu valor.
Todo negociante conhece a urgência, a necessidade e a pressão da demanda, como fatores que influem na cotação de qualquer produto. No sentido contrário à pressa (risco tardio) e da dificuldade em obter o que se quer, banaliza-se o produto.
Quando alguém está ameaçado, em risco iminente de grandes perdas, paga o que lhe pedirem para se livrar do infortúnio. É capaz até de aceitar extorsão.
É possível que por aí estejam algumas das explicações para o uso freqüente de chantagens propagandísticas para valorizar certas intervenções, muitas delas em busca de expectativas muito duvidosas ou impossíveis. Também a supervalorização de técnicas sofisticadas, da super-especialização, de aparelhos de uso restrito e de intervenções heróicas, em situações limite.
É possível que também se possa entender melhor o sucesso empresarial e comercial de intermediários (podem ser comerciantes travestidos de médicos), progressivamente dominando o mercado da doença, explorando especificamente fatias altamente cotadas no mercado, deixando para o poder público os segmentos desvalorizados, deficitários, ou sabidamente pouco rentáveis.
Como dizia um dirigente de Saúde Pública sobre a valorização do SUS, mesmo considerando todas suas limitações e problemas: “Ninguém leva em conta os muitos milhões de atendimentos feitos no Estado, porque se tornaram direito de todos, enquanto algumas dificuldades na internação hospitalar logo chamam atenção”.
É bem possível que, no mercado, a lucratividade com a doença caminhe em direção oposta aos interesses de valorização da saúde. Do ponto de vista populacional então, é bem provável que um indicador de sucesso na exploração econômica da doença se constitua em alarme sobre as condições de saúde da comunidade. Pelo mundo a fora, os países que gastavam sem limites nesta rubrica não agüentam mais e provaram que, a partir de um certo ponto, mais dinheiro não corresponde a mais saúde, invertendo-se até a relação. Estas contradições propõe questionamentos muito sérios e um desafio: como continuar vendendo a idéia de um código de ética independente e humanístico para o médico, num mundo progressivamente dominado por valores e leis de mercado?!
#IGN BRASIL
O livro de um professor de Harvard que explica
por que os humanos não foram feitos para correr, mas para sentar
História de Viny Mathias •
A cultura do esporte e da vida fitness permeia cada vez mais nossas vidas, a tal ponto que não praticar algum tipo de esporte ou exercício é visto com "olhos tortos" pela sociedade. No entanto, Daniel E. Lieberman analisa e desmonta o mito de que uma vida saudável se baseia em exercícios contínuos ao longo do tempo. Esta não é uma opinião superficial ou desinformada, já que ele é professor de Biologia Evolutiva e professor da Universidade de Harvard.
Através do seu livro ‘Exercised’, Lieberman explica "Por que algo que nunca fomos evoluídos para fazer é saudável e recompensador?" - que é justamente o subtítulo do livro. Vale ressaltar que, apesar de tudo, em nenhum momento ele defende o sedentarismo, mas sim que não devemos demonizar o ato de sentar e nem levar o exercício físico ao fanatismo./.../
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