De: Isaac roitman [mailto:iroitman@imagelink.com.br]
Enviada em: quarta-feira, 28 de dezembro de 2005 23:46
Assunto: Fw: incor
Publicado na Folha de SP
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Fundação do Incor deve R$ 200 milhões
FABIANE LEITE
da Folha de S.Paulo
A dívida da Fundação Zerbini, entidade privada que administra o maior instituto público de cardiologia da América Latina, o Incor de São Paulo, chega hoje a R$ 200 milhões, diante de um orçamento de R$ 230 milhões anuais.
O quadro foi apresentado ontem pelo conselho deliberativo do Hospital das Clínicas da USP, ao qual o Incor está ligado, e pela própria fundação. As duas instituições estão em guerra por causa do endividamento, mas ambas cobraram ações do governo Geraldo Alckmin (PSDB) para a solução do problema.
O hospital quer um auxílio financeiro para o pagamento. Já a fundação cobra verbas que não teriam sido repassadas pelo governador. O instituto faz hoje um total de 250 mil consultas por ano, em média, 13 mil internações, 5.000 cirurgias e 2 milhões de exames diagnósticos. Problemas no atendimento não estão descartados, a longo prazo, caso a situação não se resolva.
A Zerbini foi criada com anuência do HC para melhorar a estrutura do Incor, como acelerar as contratações e viabilizar mais rapidamente os investimentos, justamente por não ter as amarras de um órgão estatal.
O conselho do hospital atribui o endividamento a uma má gestão de verbas pelo hoje presidente do Incor e do conselho curador da fundação, José Ramires, e tentou afastá-lo do cargo.
"A fundação está tecnicamente falida, pois não tem patrimônio para pagar a dívida", afirma Marcos Boulos, integrante do conselho deliberativo do hospital.
Ontem, o HC apresentou resultados de uma auditoria independente que aponta controles inadequados das compras e estoques da fundação.
Segundo o órgão, a situação "é grave".
Já Paulo Bonadies, advogado de José Ramires, acusou ontem o governo Alckmin de "tungar", nos últimos cinco anos, R$ 100 milhões destinados à entidade que defende, isso principalmente em razão de repasses não realizados pelo governador e aportes feitos pelo governo federal, mas não direcionados pelo Estado à Zerbini, de acordo com sua versão.
Ainda segundo Bonadies, Alckmin não teria honrado compromisso do ex-governador Mário Covas de pagar empréstimo de R$ 40 milhões do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), dívida de longo prazo assumida pela fundação e que chega a R$ 120 milhões.
"A fundação arca com dois terços do custeio do Incor, hoje de R$ 230 milhões", afirmou o advogado da Zerbini. "Há um clima de beligerância, disputa de egos. Eles [o conselho] estão matando a galinha dos ovos de ouro do hospital, do Incor [a fundação], e diminuindo a oportunidade de se tratar em um centro de excelência",
continuou, classificando em seguida o conselho do hospital como "uma turba", que estaria causando, com as acusações, dificuldades para a fundação obter novos empréstimos no sistema financeiro e recursos de doações. Bonadies nega a falência.
Segundo o advogado, a fundação vem pagando 1.600 funcionários que deveriam estar sob responsabilidade do governo do Estado. O hospital informou que recentemente Alckmin assumiu os salários de mais de 900 funcionários, o que melhorará a situação financeira da Fundação Zerbini.
Alckmin trata a polêmica como um desentendimento entre as duas instituições e informou que vem destinando adequadamente recursos ao Incor.
A Fundação Zerbini também está em pé de guerra com o Ministério Público do Estado de São Paulo, que acompanha o desempenho da instituição.
Ontem o advogado da entidade chamou o promotor que cuida do setor, Paulo José de Palma, de "pústula", em razão de Palma, supostamente, não ter apresentado provas de que a entidade está sob investigação do órgão público.
"Vou levar o caso à Corregedoria [do Ministério Público]", ameaçou. O promotor afirma não ter dado acesso às investigações porque o advogado não teria procuração da Zerbini para trabalhar em nome da instituição. Ele não quis comentar o xingamento do advogado e destacou que seu trabalho é técnico. Segundo Palma, há seis investigações sigilosas na Promotoria sobre a fundação.
Outro lado
Nota emitida ontem pela Secretaria de Estado da Saúde diz que as afirmações do cardiologista José Ramires, hoje presidente do Incor de São Paulo, "são inverídicas".
"De maneira nenhuma há dívida entre a Fundação Zerbini e a Secretaria de Estado da Saúde", diz o texto, ao comentar a informação dos advogados do médico de que o governo não teria feito os repasses para a fundação.
"Como afirmou o conselho deliberativo do Hospital das Clínicas, ao qual o Incor é subordinado, a secretaria repassou R$ 600 milhões ao Incor em dez anos, ou seja, R$ 60 milhões por ano", destaca o texto da pasta.
A secretaria também negou que tenha existido um compromisso do ex-governador Mário Covas de pagar um empréstimo assumido pela Fundação Zerbini com o BNDES.
No texto, o governo destaca ainda que o atendimento não será afetado. "Vale ressaltar que a secretaria acredita que as divergências entre HC e Incor serão resolvidas o mais breve possível. A pasta acompanha o caso [...] e confia nas informações do HC de que não há a menor possibilidade do atendimento à população ser prejudicado", diz a nota.
Em entrevista ontem, o HC informou que o governo autorizou a criação de mais de 900 cargos públicos no Incor, em substituição às vagas privadas, que entravam nos gastos da Zerbini. Assim, diz acreditar o conselho deliberativo, a fundação terá folga para saldar a dívida com o BNDES.
O advogado da fundação, Paulo Bonadies, diz que hoje um total de 3.000 funcionários do Incor têm salários pagos pela fundação.
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