Investindo em educaão e saúde
Caros amigos,
Desejo-lhes um Feliz ano novo, com muita esperança, amor e sucesso.
Abiaxo vai artigo meu que Zero Hora publicou no dia de hoje.
A inspiração veio da Dra. Valderês e do livro do Vinod Thomas, ex diretor do Banco Mundial no Brasil, cuja referência está na materia postada imediatamente antes. "O Brasil Visto por Dentro"
Um abraço a todos.
ALOYZIO ACHUTTI: Membro da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina
Superávit primário, dívida externa, dívida social, cotação do dólar, risco Brasil, salário mínimo, bolsa de valores, produto interno bruto, ajuste fiscal, reforma da previdência...
Estes e outros temas são assunto de todo o dia, de manchetes, de discussões acaloradas e objeto de propaganda política, nem sempre bem intencionada.
Tudo isso, e muito mais, diz respeito à gente que vive neste país, corresponde aos nossos 185 milhões de concidadãos. Tem a ver com o que produzimos, consumimos, gastamos, exportamos, desperdiçamos e investimos, dentro desta enorme e rica propriedade natural nem sempre bem conservada e gerida.
Proponho medir parte de nossa riqueza, com unidades não convencionais e monetárias, mas aproximando-nos um pouco mais do valor potencial vivo de nosso capital humano. Pelos padrões atualmente existentes poderíamos estimá-lo em cerca de 13.210.436.478 anos potenciais de vida.
Quantidades, entretanto, não expressam toda a realidade; ou melhor, muitas vezes escondem parte importante e inconveniente dela. Nos adaptamos a manipulações deste tipo, especialmente quando querem nos mostrar que a economia vai bem, apesar de toda a corrupção, desperdício e malversação de recursos. Os números, especialmente quando mostrados setorialmente, são facilmente manipuláveis, e servem também para ocultar graves defeitos de qualidade.
Do conceito de saúde, entretanto, a qualidade de vida é parte indissociável. Não nos conformamos com somente maior número de anos vividos. Trata-se de capitalizar anos de vida saudáveis.
Estudando informações relativas à saúde de nossa população com dados de 1998 foi possível estimar em 37.518.239 o número de anos de vida saudáveis perdidos a cada ano no Brasil, por todas as causas de doença, violências, incapacidade ou morte precoce. Estendendo este cálculo para nosso capital humano global, chega-se a um desperdício – por problemas em grande parte evitáveis - de 20% a 30% dos anos potenciais de vida saudável responsáveis pela produção e conservação de nossas riquezas.
Avaliando a saúde de nossa sociedade, através da equidade na distribuição das riquezas, também se chega a uma proporção semelhante (dependendo do critério utilizado) de pessoas socialmente excluídas que poderiam estar contribuindo para o processo produtivo, aumentando nossa riqueza, aliviando a carga das doenças, participando no controle social e reduzindo conflitos oriundos da desigualdade exagerada.
Marcos de mudança nos ciclos temporais, são ocasiões para reflexão, balanço e bons propósitos. Redefinições políticas são essenciais, mas a incorporação das mudanças na cultura, e na consciência de cada cidadão, implica num processo educacional sério e sustentado.
A fórmula mais eficaz para sanar nossa economia global - deixando ela a desejar quantitativa e qualitativamente - está na participação efetiva na administração de nossos recursos, e na mobilização de nosso capital físico, nosso capital humano e no trabalho produtivo. Assim, somente como ganho em anos potenciais de vida saudáveis de nossa população, podemos esperar rendimentos em torno de 30%.
Pode haver melhor investimento do que em educação e saúde?
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