Sobre a proposta da Dra. Gláucia M.M. Oliveira de abrir um Forum de discussão no Site da SBC, usando apresentações do 62 Congresso com acesso no site da Sociedade Brasileira de Diabetes.
De: Maria Inês Reinert Azambuja [mailto:miazambuja@terra.com.br]
Enviada em: segunda-feira, 24 de setembro de 2007 09:
Re: Forum no site da SBC
Que boa notícia!
Ontem saiu matéria na Folha de São Paulo pessimista sobre a tendencia de queda da pobreza nos proximos anos, e um Editorial - Miséria cronica - que copio abaixo. O Editorial termina reconhecendo que sem saúde, educação, saneamento e infraestrutura, não há saída.
É pena que a Folha, como os políticos, pare no diagnóstico e não seja consequente com relação ao tratamento, Tem pregado o fim da CPMF - e não sua vinculação à saúde - e não se manifestou com relação à DRU - desvinculação de receitas da União - que permitiu ao governo reter 20% do orçamento da educação a cada ano nos últimos 5 anos ou mais, e será renovada na mesma medida provisória da CPMF (denúncia da Milu Vilela).
Acho importante que a discussão sobre a transição demográfica no Brasil - e do impacto economico da morbidade por doenças cronicas - ocorra levando em conta o contexto de pobreza (especialmente a pobreza urbana metropolitana) e desigualdade social.
Maria Inês
Editoriais FSP 23/9/2007
editoriais@uol.com.br
Miséria crônica
Redução de pobreza não se traduz sempre em queda na desigualdade, como comprova análise de dados sobre Nordeste
MISÉRIA não é simples de definir, menos ainda de quantificar. Organizações renomadas no estudo da questão, como a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e o Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), usam linhas de corte divergentes -respectivamente, R$ 125 e R$ 266,15 de renda domiciliar per capita mensal. Com base nos dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2006), ambas apontam redução da parcela de miseráveis na população do país: -14% (FGV) e -10,6% (Iets).Para a FGV, são 19,3% de brasileiros nessa condição limítrofe, ou 36,2 milhões de pessoas -a menor parcela desde 1992. Para o Iets, contam-se 26,9% (49 milhões de miseráveis). Nos dois casos, de um ano a outro quase 6 milhões de pessoas teriam deixado o contingente arbitrariamente definido, mas não há motivo para júbilo em verificar que um quinto ou um quarto do país ainda sobrevive com valores pífios.Tampouco há surpresa em verificar que o Nordeste é a parte mais afetada do Brasil, em que pese a importância do programa Bolsa Família por ali. Na região, 36,6% dos habitantes são miseráveis, segundo a FGV. Os Estados de Alagoas e Maranhão encabeçam o lamentável ranking, com mais de 44% de miseráveis. Figuram também entre os que menos diminuíram a taxa de miséria no período 2005-2006, respectivamente -11,3% e -9,7%.Há aí um paradoxo. O Maranhão foi o Estado com maior aumento na renda média, 33,7%, seguido por Alagoas, com 29,4%. O corolário é óbvio: o aporte de renda não foi apropriado prioritariamente pelos mais pobres. Ou seja, aumentou a desigualdade na região, como atestado pela clássica medida do índice de Gini, que subiu de 0,557 a 0,565 no Nordeste, enquanto caía na média do país (de 0,543 a 0,540).Não é trivial explicar a tendência quando se considera que a expansão do emprego também foi mais intensa no mercado de trabalho nordestino. Uma possibilidade está na baixa escolarização da mão-de-obra. Numa economia em crescimento, tendem a valorizar-se mais os salários dos trabalhadores com melhor qualificação.Se tal hipótese for comprovada, mais uma vez ficarão evidenciadas as limitações de programas como o Bolsa Família. Sem investimento paralelo em educação, saúde, saneamento e infra-estrutura, a porta de saída da miséria continuará fechada para legiões de brasileiros.
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