O PROFESSOR E A EDUCAÇÃO
Fala-se muito em educação como se fosse o mesmo que transmissão de conhecimento, ou informação. Neste sentido seria quase dispensável a presença do professor, pois vivemos mergulhados na mídia, bombardeados por todo o lado, por informações de todo o tipo e de qualquer conteúdo: televisão, rádio, livros, revistas, jornais, propaganda de tudo o que se precisa conhecer, e também do que não faz falta (mas possa interessar ao consumo).
Entretanto não é só de conhecimento que vivemos, nossa vida afetiva é muito mais intensa e dominante. Provavelmente razão de ser e motivação para o desenvolvimento cognitivo.
No processo educativo, dado o conhecimento, é preciso formar uma atitude favorável ao que for desejável e de rejeição ao que for inconveniente. Isto tem a ver com mecanismos vitais com representação em nosso cérebro. Tem a ver com o “circuito da recompensa”, com a determinação do comportamento, com nossa memória, com o “faz de novo”, e com a adição e dependência.
A relação da mãe com o filho inaugura a exploração destes caminhos, e o professor é seu substituto e continuador profissional. Essa experiência será compartilhada indefinidamente na medida em que se expandem as relações humanas. A criatividade, a tolerância, a construção de uma identidade própria e da autoestima, o controle do estresse e da agressividade, a busca de recompensa e alternativas (nem sempre desejáveis), tudo tem a ver com as vivências e o comportamento de cada um.
O sucesso da educação será medido pelo comportamento final do educando, mas com segurança somente quando um clima favorável se estabelece, ao serem incorporados à cultura (coletiva) os novos valores, poupando a realização de um esforço extraordinário na sua manutenção.
O papel do professor é o de conduzir este processo numa relação de empatia, favorecendo a criação de um fluxo bilateral de afeto, continuação da relação natural entre mãe e filho.
O professor, como um profissional, também precisa das mesmas condições ao se relacionar com a sociedade, com o estado, ou com qualquer outro empregador. Sua função precisa ser reconhecida, respeitada, adequadamente remunerada, e amparada pelas condições necessárias para seu exercício.
As frustrações e os insucessos de nosso sistema educacional, portanto, têm a ver com questões práticas como a do salário dos professores, mas começam nas decisões políticas que determinam nossa estratificação social: obstrução e sequestro do fluxo do conhecimento, como se fosse segredo industrial, e segregação na troca afetiva, determinante da desigualdade social.
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