3.165 AMICOR (26)
#Com Dra. Valderês A. Robinson Achutti (*13/06/1931+15/06/2021)
Nordeste, na praia, em cima de uma jangada, provavelmente na década de 70
#Re-Publicando artigos antigos meus
O MODELO MAIS INEFICAZ DO MUNDO...
Aloyzio Achutti. Médico e Professor Universitário.
Conforme foi noticiado na imprensa, o presidente dos EEUU, ao apresentar ao Congresso sua proposta para um novo plano de saúde no dia 22 de setembro último, designou o sistema assistencial Norteamericano (tido como modelo para muitos que lá tem completado sua formação) como o "mais ineficaz do mundo"!
A casualidade de ter sido tumultuada sua apresentação pela troca do discurso por outro já feito, sobre o orçamento do país, não deixa de ser interessante, já que existe uma forte motivação econômica na proposta de mudança, possivelmente tão importante quanto possam ser os seus objetivos humanitários.
E não é para menos: do total equivalente a 1,7 trilhões de dólares gastos no mundo todo em 1990 no setor saúde (dinheiro público e privado) 41% correspondem aos americanos! Eles têm gasto no setor, o equivalente do que gastam em educação e defesa somado, ou seja, mais de 12% do Produto Interno Bruto; o que também equivale a duas vezes a soma de tudo o quanto o Brasil produz num ano inteiro.
Este dinheiro todo (quase 60% de origem privada), deixa de fora mais de 30 milhões de Americanos que não tem cobertura nenhuma, nem condições de pagar pela assistência.
A expressão muito usada "ou paga ou dança" bem retrata a radicalização das posições numa discussão que já se prolonga por mais de 30 anos, sem conseguir reverter a tendência (a rubrica quase triplicou no perído). Do total, quase 40% tem ficado nos hospitais, menos de 20% com os médicos e 10% com medicação e outros suprimentos.
Noutro documento de análise, gerado também nos Estados Unidos no ano passado, o sistema de saúde é qualificado como perverso "pelos incentivos que remuneram os serviços em vez dos resultados, onde o mais é confundido com o melhor e onde o eficiente e o ineficiente são pagos de forma equivalente. Preconiza a mesma análise a organização de um sistema para atender populações bem definidas, possiblitando assim a avaliação dos resultados através da verificação do estado de saúde dos indivíduos e das comunidades servidas.
Nós também estamos tentando construir um sistema de saúde, cujos características econômicas vão determinar seu funcionamento e tendências. É ilusão achar que competência científica e habilidade técnica sejam suficientes para melhorar a saúde da população. Não será também na base da caridade que vamos conseguir assistir adequadamente os desvalidos num mundo capitalista. Na medida em que tivermos poder político e possibilidade de discutir prioridades e orçamentos, precisamos considerar seriamente onde vamos colocar nosso dinheirinho. Não dá para acompanhar as loucuras que nem rico aguenta mais.
Clinton quer reduzir cerca de 200 bilhões de dólares na despeza e universalizar a assistência, dando cobertura para os 30 milhões que não tem como pagar. Ele espera conseguir fazer o milagre visando o "desperdício, a fraude e o abuso", e aumentando os impostos sobre o cigarro (um dolar a mais por maço) para financiar o setor.
As companias que exploram o vício e que já alardeiam sua parcela na arrecadação de impostos, agora vão querer que se acrescente ao aviso estampado nas carterias de cigarro: "O fumo produz cancer, mas faz bem para a saúde através dos impostos que arrecada..."
#Medscape - Cardiology
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