DIA MUNDIAL DO CORAÇÃO
(Artigo enviado para o jornal ZH mas não publicado)
Como o fazem anualmente desde 1999 a Federação Mundial de Cardiologia, junto com a OMS, a UNESCO e a Organização dos Esportes para o Desenvolvimento e Paz da ONU, designaram o dia 24 de setembro neste ano como o Dia Mundial do Coração.
O tema é: “Quão Jovem está seu Coração?” com o propósito de incentivar hábitos saudáveis de vida para evitar o envelhecimento precoce do sistema cardiovascular.
Em todo o mundo as doenças crônicas – entre as quais se situam as cardiovasculares – se constituem em problema de saúde pública, cada vez mais importante na medida em que as pessoas vivem mais e o coração e o resto do sistema vascular se deterioram prematuramente. Este não é um triste privilégio de países ricos e ditos desenvolvidos. As populações mais pobres e menos desenvolvidas, em toda a parte, terminam adoecendo mais e vivendo menos. A falta de perspectiva na vida, a ignorância e a miséria fazem mal para a saúde em todos os seus aspectos e em qualquer lugar.
Recentemente através de um grupo de trabalho concluímos um estudo para avaliar o impacto econômico das Doenças Cardiovasculares em quatro países: África do Sul, Brasil, China e Índia. O componente brasileiro está situado no Instituto de Educação e Pesquisa do Hospital Moinhos de Vento.
O ano de 2004 contava com dados suficientes para efetuar os cálculos necessários. Naquele ano o Produto Interno Bruto do Brasil foi de mais de um trilhão e setecentos bilhões de Reais. E ficou em torno de 30 bilhões o impacto global estimado destas doenças, (medicamentos, hospitalizações, licenças, aposentadorias e perda de produção). Conta-se uma de cada três mortes; e só de anos de vida saudável perdidos por ano (incapacidade e morte precoce) são cerca de 5 milhões a cada ano.
Outros dois estudos, comparando as regiões do país e comparando os distritos de Porto Alegre, mostraram também nítida correlação negativa com o nível de desenvolvimento da população residente depois de corrigidos possíveis fatores de confusão. Quanto menos educada e mais pobre a população, mais mortes por doenças do coração e mais cedo.
Não basta tratar depois que os sintomas aparecem. É preciso prevenir e não são suficientes os especialistas, consultórios e hospitais. O esforço precisa ser coletivo, na família, na escola, nas empresas, no trabalho, no lazer, nos “shoppings” – onde haja espaço onde as pessoas possam se reunir em busca de melhor qualidade de vida.
Este é um problema também nosso, é mais grave entre os mais pobres, caro de tratar, impacta na produção e pode ser prevenido. Nosso Estado foi pioneiro no Brasil incorporando há 30 anos as doenças cardiovasculares e outras crônicas na agenda da saúde pública. Vamos fazer de Porto Alegre também uma cidade de corações jovens. Investir em saúde é também um investimento econômico.
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