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Wednesday, February 12, 2020

José Mariano da Rocha Fo.

Meu pai - Bortolo Achutti - sempre foi um entusiasta da Faculdade de Farmácia e depois da Universidade Federal de Santa Maria (na época primeira e úncia universidade fora de capitais de estado). Foi muito amigo de juventude do tio do Marianinho - Dr. Francisco Mariano da Rocha - fundador da Faculdade de Farmácia, padrinho de casamento, e papai padrinho de dois filhos dele. 
Hoje celebramos 105 anos do nascimento do Dr. |J. Mariano da Rocha Fo. Foi colega de turma (1937) de um irmão médico de minha mãe Nilo Cechella (meu padrinho). Era membro fundador da Academia Sul-Riograndense de Medicina.
Abaixo foto de meu pai, recebendo dele uma comenda na UFSM

ALMANAQUE GAÚCHO (ZH)

O magnífico caminho do saber

O texto a seguir é uma colaboração do nosso leitor, Péricles da Costa, advogado de 44 anos, presidente da OAB de Santa Maria. Trata-se de uma homenagem a José Mariano da Rocha Filho (1915-1998), cuja data de nascimento completa 105 anos hoje. Este artigo também foi publicado no jornal da Associação dos Professores Universitários de Santa Maria (Apusm).
"Quem dera fossem só os buracos e as crateras os problemas que comprometem a mobilidade na nossa cidade. Há coisas mais graves do que meras deformidades asfálticas a atravancar o santa-mariense: a ingratidão.
Essa característica que, como erosão, alcança nomes de grandes feitores da caridade e até mesmo da figura que transformou Santa Maria de cidade ferroviária decadente ou militar num polo educacional do país, tendo fundado nesse município a primeira universidade federal do Brasil fora de quaisquer das capitais, vencendo a descrença local e a resistência da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
O homem primeiro desobstruiu e depois pavimentou os caminhos para a expansão das universidades públicas e dos colégios agrícolas e industriais, levando as instituições federais de terceiro e segundo graus a locais onde as populações não teriam a menor chance de instrução.
Descendente por ambos os lados de conde e barão, transcendeu a nobreza do sobrenome para o espírito quando, para semear a UFSM, esqueceu-se da Fazenda São Mariano, em São Borja, e de outra na frente desta (não herdada, mas adquirida), como da Fazenda Santa Isabel, em São Francisco de Assis, e Fazenda da Pinheira, na Santa Flora, todas cobertas por gado europeu, tendo depois herdado do sogro três fazendas em Caçapava do Sul. Tudo deixado em segundo plano para criar, desenvolver e mundializar a instituição de ensino que fez de colonos doutores.
Hoje, o município inserido num país dito laico enaltece santos, tanques e aviões ou helicópteros, estes, símbolos da forças e não do saber, enfeitando ou enfeiando a cidade onde se vê um único e obscuro busto do reitor fundador da UFSM. Nem um beco com seu nome, mesmo o mais esburacado de tantas vias depauperadas. Até seu aniversário, no dia de hoje, passa, normalmente, sem qualquer registro.
Não se trata de culto a personalidade, mas da necessidade de reconhecimento do trabalho que permitiu aos infelizes de toda a região e do Estado ter acesso à formação de nível superior, promovendo o progresso como nunca.
Vê-se, portanto, que se criou na área das ideias e dos méritos erosão pior do que aquela que fisicamente se nota e se enfrenta no aspecto geográfico viário.
Não é a falta de asfalto ou de calçamento o que obsta o desenvolvimento verdadeiro da nossa cidade. É a falta de justiça.
A travessia urbana em rota de conclusão, mesmo diminuta diante da obra física e social de um dos "gaúchos do século", tem o condão de, mais do que justamente, homenageá-lo e iniciar a redenção da cidade em débito. Seu povo deve exortar isso do governo federal!
Nada será mais justo e verdadeiro do que um santa-mariense, ao ser perguntado por alguém vagando, perdido, à procura do rumo certo, indicar: "Pegue a José Mariano da Rocha Filho e siga por toda a vida. Não tem erro."

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