3.152 AMICOR (26)
#Dra. Valderês Antonietta Robinson Achutti (*13/06/1931+15/06/2021) com minha irmã, Dra. Maria Helena Cechella Achutti (*03/09/1930). (foto de 2008)
Desde que minha querida companheira durante 70 anos faleceu, está morando comigo, e neste 03 de setembro, de aniversário. Festejo com meus AMICOR, sua companhia, saúde e felicidade.
#RE-Publicando textos meus: Investindo em saúde
1993
EDUCAÇÃO, SAÚDE E DESENVOLVIMENTO
Aloyzio Achutti. Médico e professor universitário. (Artigo enviado para ZH em 1993)
O Banco Mundial acaba de publicar (6 de julho 1993) o "Relatório Mundial de Desenvolvimento, 1993", cujo tema básico é: "Investindo em saúde", concatenado com os últimos três anos: meio ambiente, pobreza e estratégias para o desenvolvimento.
Quatro contribuições de nosso Estado foram incluídas neste documento e algumas apresentadas como ilustração (figuras 2, 5 e 3). Uma delas é nossa, correlacionando a frequência de fatores de risco para doenças frequentes e o nível educacional na população adulta de Porto Alegre em 1987, demonstrando que hipertensão arterial, obesidade, hábito de fumar, uso diário de álcool e falta de exercício no lazer estão em razão inversa com o gráu de instrução. A outra é de autoria da socióloga Tânia Barcellos e seus colaboradores da FEEE, demonstrando, a partir de dados de mortalidade de Porto Alegre de 1980, que tanto a mortalidade infantil como a mortalidade em adultos de meia idade, em ambos os sexos, também se distribui desigualmente com desvantagem para os mais pobres. Outras duas são da área materno-infantil, de investigadores de Pelotas: dos Drs Cesar Victora e Fernando Barros.
Embora seja óbvio que é preciso investir em saúde para enfrentar o sub-desenvolvimento, nossa prática tem sido bem diversa, também no que se refere à educação. E, não se pode culpar apenas o governo, pois tem faltado vontade e pressão por parte da população em geral, não valorizando suficientemente estes dois setores.
Há muitos anos assistimos uma depreciação progressiva do magistério, evidente pelo simples exame da política salarial da categoria Mais recentemente a mesma tendência pode se observar nas profissões relacionadas com a saúde.
Investir significa priorizar um determinado setor, não apenas no discurso, mas aplicando adequadamente recursos, geralmente contrariando a tendência natural de sua distribuição.
A fome (tão na moda) levando à desnutrição causa doença, mas em nosso caso não faltam alimentos, é a pobreza e sua fiel companheira do terreno mental, a ignorância, que dificultam o acesso à comida e ao desenvolvimento intelectual, para grande parte de nossa população.
Assim como a riqueza e o poder nos seduzem, ninguém gosta da miséria o que cada vez mais discrimina grande parte de nossa população. Se a pobreza e a ignorância trazem a fome e a doença, é uma doença social que produz a distribuição desigual da riqueza; e somente uma política global, voltada para o desenvolvimento, não apenas do produto, mas também da mão de obra, priorizando a recuperação dos desfavorecidos, é que poderá mudar nossa triste situação no contexto mundial.
Investindo em saúde e em educação, estaríamos demonstrando uma vontade de mudar e de curar não somente indivíduos doentes, mas estaríamos prevenindo doenças, promovendo a saúde, sanando nossa grave ferida social e assegurando um desenvolvimento real para o futuro.
Aloyzio Achutti. Médico e professor universitário. (Artigo enviado para ZH em 1993)
O Banco Mundial acaba de publicar (6 de julho 1993) o "Relatório Mundial de Desenvolvimento, 1993", cujo tema básico é: "Investindo em saúde", concatenado com os últimos três anos: meio ambiente, pobreza e estratégias para o desenvolvimento.
Quatro contribuições de nosso Estado foram incluídas neste documento e algumas apresentadas como ilustração (figuras 2, 5 e 3). Uma delas é nossa, correlacionando a frequência de fatores de risco para doenças frequentes e o nível educacional na população adulta de Porto Alegre em 1987, demonstrando que hipertensão arterial, obesidade, hábito de fumar, uso diário de álcool e falta de exercício no lazer estão em razão inversa com o gráu de instrução. A outra é de autoria da socióloga Tânia Barcellos e seus colaboradores da FEEE, demonstrando, a partir de dados de mortalidade de Porto Alegre de 1980, que tanto a mortalidade infantil como a mortalidade em adultos de meia idade, em ambos os sexos, também se distribui desigualmente com desvantagem para os mais pobres. Outras duas são da área materno-infantil, de investigadores de Pelotas: dos Drs Cesar Victora e Fernando Barros.
Embora seja óbvio que é preciso investir em saúde para enfrentar o sub-desenvolvimento, nossa prática tem sido bem diversa, também no que se refere à educação. E, não se pode culpar apenas o governo, pois tem faltado vontade e pressão por parte da população em geral, não valorizando suficientemente estes dois setores.
Há muitos anos assistimos uma depreciação progressiva do magistério, evidente pelo simples exame da política salarial da categoria Mais recentemente a mesma tendência pode se observar nas profissões relacionadas com a saúde.
Investir significa priorizar um determinado setor, não apenas no discurso, mas aplicando adequadamente recursos, geralmente contrariando a tendência natural de sua distribuição.
A fome (tão na moda) levando à desnutrição causa doença, mas em nosso caso não faltam alimentos, é a pobreza e sua fiel companheira do terreno mental, a ignorância, que dificultam o acesso à comida e ao desenvolvimento intelectual, para grande parte de nossa população.
Assim como a riqueza e o poder nos seduzem, ninguém gosta da miséria o que cada vez mais discrimina grande parte de nossa população. Se a pobreza e a ignorância trazem a fome e a doença, é uma doença social que produz a distribuição desigual da riqueza; e somente uma política global, voltada para o desenvolvimento, não apenas do produto, mas também da mão de obra, priorizando a recuperação dos desfavorecidos, é que poderá mudar nossa triste situação no contexto mundial.
Investindo em saúde e em educação, estaríamos demonstrando uma vontade de mudar e de curar não somente indivíduos doentes, mas estaríamos prevenindo doenças, promovendo a saúde, sanando nossa grave ferida social e assegurando um desenvolvimento real para o futuro.
#TIME
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