Um lá e quarenta aqui... Aloyzio Achutti. Médico.
- Artigo que enviei para ZH há mais de uma semana e que provavelmente não será mais publicado, motivo pára compartilhar agora com vocês. O propósito foi lembrar o evento ocorrido há um ano em NY na ONU e nosso início de caminhada no mesmo sentido por aqui há 40 anos exatamente. Aqui repetimos no ano passado uma reunião preparatória de mobilização local, liderada pela Dra. Maira Caleffi. Este hiato de 40 anos não é de surpreender, em quase tudo há um longo tempo para que a aceitação geral se torne consenso. Poucas iniciativas semelhantes havia pelo mundo na década de 70, e na América a nossa foi pioneira, motivo pelo qual a OPAS nos procurou para reunir aqui algumas cabeças de ponte.
No ano passado, neste mês de setembro, a ONU, em Nova York, reuniu mandatários dos países membros numa Conferência Mundial de Alto Nível para incluir o controle de doenças crônicas entre as Prioridades do Milênio. Nossa Presidente lá esteve e, com seu discurso apoiou a proposta, usando argumentos que haviam sido discutidos também aqui, com diversas entidades signatárias da Carta de Poro Alegre, em reunião de consenso realizada no Hospital Moinhos de Vento.
É bom lembrar que na virada do século foi acertado um elenco de objetivos a serem acompanhados e alcançados em todo o mundo, onde constam: redução da mortalidade infantil, da desnutrição, de doenças infecciosas e transmissíveis (Tuberculose, HIV, Malária, etc.), objetivos tradicionais da saúde pública, embora omitindo um grupo de mazelas julgadas de foro individual, e objeto apenas da assistência por especialistas.
Na procura da determinação de nossos males, contentamo-nos com a identificação de agentes biológicos externos, infecciosos, responsáveis pelo contágio e transmissão, esquecendo-nos, enquanto agentes humanos, de nossa própria responsabilidade.
Pois aqui, há quarenta anos, na Secretaria de Saúde e Meio Ambiente iniciamos programas de saúde pública que motivaram a Organização Pan-Americana da Saúde, três anos depois, a trazer representantes de vários países para organizar um projeto inicial para o controle da Cardiopatia Reumática na comunidade. Nosso Ministério da Saúde levou a proposta para outros estados, e progressivamente ampliou-se nossa política de saúde (como se pode ver hoje) buscando o controle comunitário da hipertensão, do tabagismo, do diabete, do sedentarismo, da cardiopatia isquêmica, do câncer, etc. Todas, doenças crônicas com muitos fatores de risco em comum, e culpadas pela maior parte dos óbitos.
Aqui a saúde pública havia atingido um nível de organização na abordagem dos problemas tradicionais permitindo que ampliássemos nossa perspectiva e pretensões, com sensibilidade para o que hoje, quarenta anos depois, torna-se consenso. A equipe do planejamento daquele tempo, pela sua excelência, quase toda foi se dispersando requisitada pelo mundo afora (assim como têm sido com nossos jogadores de futebol). Alguns como o Paulo Chaves, o Mico (Moacyr Scliar) e o Foguinho (Cláudio Silveira, mais recentemente falecido) já se foram para bem mais longe, mas com clarividência e trabalho de equipe nos antecipamos no tempo.
A celebração de nossa tradição e experiência nos obriga a prosseguir na direção hoje comprovada como possível e válida. O desafio, entretanto, é grande porque não existem vacinas para os novos males que têm raízes sociais, disseminam-se através da cultura, e para controla-los não são suficientes os sanitaristas nem todos os demais profissionais da saúde. Por isso a reunião do ano passado se fez na ONU, e não somente na OMS (Organização Mundial da Saúde), pois é preciso despertar a consciência social e a sensibilidade política de todos os demais setores da sociedade.
Ver também: http://amicor.blogspot.com.br/2012/09/ncd.html
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