18 de outubro de 2012 | N° 17226
ARTIGOS
Pensando Medicina, por Aloyzio Achutti *
Cada vez mais se fala em saúde, longevidade, remédios, prevenção de doenças, diagnósticos, curas, aparelhos, custo-benefício, acesso a serviços e planos de saúde e hospitais. Fala-se pouco do operador de tudo isso. Só é percebido quando falha, ou não atende às fantasias da clientela. Muito do milagre, e pouco do santo...
De fato, por iniciativa dos próprios médicos, descobriram-se muitos meios, ciência, técnicas, instrumentos, profissões auxiliares, com os quais se impõe compartilhar os resultados. Tudo ficou mais complexo e mais caro. O médico é elemento essencial, embora permaneça o mais barato, e não seja o único responsável. Ficou evidente a necessidade da especialização, da organização institucional, dos mecanismos de financiamento, de infraestrutura, mas, na hora da aplicação de toda essa riqueza de recursos ao indivíduo, é imprescindível o papel do profissional da medicina.
As opções são várias e muitas vezes conflitantes. Os interesses são múltiplos e nem sempre voltados exclusivamente para o cliente. As causas das causas das doenças em geral não são tão ostensivas, estão entrelaçadas, e em cadeias que frequentemente terminam nas condições sociais e de vida, fora do alcance das ciên- cias e das técnicas para as quais os médicos foram treinados.
Certamente, a prevenção é fundamental, mas não se pode comprometer cegamente o presente tendo em vista um futuro incerto. Uma das características de nosso tempo é a insegurança motivada pelo clima de terrorismo, e pela sua exploração mercadológica. É preciso não cair na tentação mesmo com “bons pretextos”, pois o estresse provocado pode ser tão nocivo quanto o mal que se pretende evitar. Embora 2,5 mil anos nos separem, vale pensar na recomendação platônica, de não proceder à cura enquanto o paciente não estiver convencido.
Para convencer, é preciso estabelecer vínculo, confiança, conhecimento mútuo, tempo e seguimento. Não dá para fazer medicina em escala industrial, nem só por aparelhos. Saúde exige perspectiva populacional e política para chegar à raiz dos problemas. Entretanto, não se pode esquecer que a população é formada de pessoas que precisam ser consideradas individualmente pelo médico, que pode ajudar a resolver o que se esconde na interface, pois é do relacionamento entre os indivíduos (e seu meio) que se estruturam nossas cidades e nossa sociedade humana.
*MÉDICODe fato, por iniciativa dos próprios médicos, descobriram-se muitos meios, ciência, técnicas, instrumentos, profissões auxiliares, com os quais se impõe compartilhar os resultados. Tudo ficou mais complexo e mais caro. O médico é elemento essencial, embora permaneça o mais barato, e não seja o único responsável. Ficou evidente a necessidade da especialização, da organização institucional, dos mecanismos de financiamento, de infraestrutura, mas, na hora da aplicação de toda essa riqueza de recursos ao indivíduo, é imprescindível o papel do profissional da medicina.
As opções são várias e muitas vezes conflitantes. Os interesses são múltiplos e nem sempre voltados exclusivamente para o cliente. As causas das causas das doenças em geral não são tão ostensivas, estão entrelaçadas, e em cadeias que frequentemente terminam nas condições sociais e de vida, fora do alcance das ciên- cias e das técnicas para as quais os médicos foram treinados.
Certamente, a prevenção é fundamental, mas não se pode comprometer cegamente o presente tendo em vista um futuro incerto. Uma das características de nosso tempo é a insegurança motivada pelo clima de terrorismo, e pela sua exploração mercadológica. É preciso não cair na tentação mesmo com “bons pretextos”, pois o estresse provocado pode ser tão nocivo quanto o mal que se pretende evitar. Embora 2,5 mil anos nos separem, vale pensar na recomendação platônica, de não proceder à cura enquanto o paciente não estiver convencido.
Para convencer, é preciso estabelecer vínculo, confiança, conhecimento mútuo, tempo e seguimento. Não dá para fazer medicina em escala industrial, nem só por aparelhos. Saúde exige perspectiva populacional e política para chegar à raiz dos problemas. Entretanto, não se pode esquecer que a população é formada de pessoas que precisam ser consideradas individualmente pelo médico, que pode ajudar a resolver o que se esconde na interface, pois é do relacionamento entre os indivíduos (e seu meio) que se estruturam nossas cidades e nossa sociedade humana.
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