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Thursday, May 01, 2014

VIGITEL: Fumo e Sobrepeso

Ranking indigesto

Porto Alegre é a capital com mais fumantes e a segunda em sobrepeso

Dados foram divulgados nesta quarta-feira em pesquisa do Ministério da Saúde

30/04/2014 | 18h04
Porto Alegre é a capital com mais fumantes e a segunda em sobrepeso Adriana Franciosi/Agencia RBS
Porto Alegre segue liderando ranking de capitais com maior número de fumantes do paísFoto: Adriana Franciosi / Agencia RBS
Porto-alegrenses: somos mais de 794 mil gordos e 242 mil fumantes. Os números — incluídos na pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) — foram divulgados na manhã de quarta-feira pelo Ministério da Saúde. Mesmo com a queda no percentual de pessoas que fumam (atualmente a população de fumantes na cidade é de 16,5%, mas, em 2012, era de 18,2%), ainda não há motivo para comemorar. A capital gaúcha segue liderando o ranking nacional de consumo de cigarros.

Para o coordenador da Comissão de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia, Luiz Carlos Corrêa da Silva, a colocação de Porto Alegre não chega a ser uma surpresa. Afinal, tradicionalmente, o município aparece entre os primeiros colocados na amarga lista.

— Não se trata apenas de Porto Alegre, mas de todos o Estado. Nossa origem étnica, bem misturada com a europeia, pode influenciar a predisposição, apesar de poder não ser o principal fator. Existem questões genéticas que influenciam na maior ou menor facilidade da pessoa ficar dependente. Outra questão diz respeito à região do país que mais produz tabaco, que é o Sul. Isso tem um significado importante, também — avalia Silva.

Já os resultados nacionais agradaram ao Ministério da Saúde. Desde 2006 — primeiro ano de realização da pesquisa — a parcela da população do país que fuma caiu 28%. Hoje, 11,3% dos brasileiros se declaram fumantes.



A segunda cidade com mais gordos do país

De cada dois porto-alegrenses, um — ao subir na balança — vê o ponteiro avançar mais do que deveria. Na Capital, 54,1% dos moradores estão com sobrepeso, apontou a pesquisa. O indigesto valor, o mesmo verificado no estudo anterior, deixa a cidade na segunda colocação no ranking nacional, ficando atrás apenas de Cuiabá e bem à frente da vizinha Florianópolis, que ocupa a 21ª posição. E são os homens os responsáveis por manter a Capital no topo da lista dos mais cheinhos do Brasil: 62,1% deles estão gordos, contra 47,5% das mulheres.

Historicamente, Porto Alegre apresenta os mais altos percentuais de pessoas fora do peso ideal no país. Em 2006 éramos uma população com 48,9% de gordos, enquanto a média nacional era de 42,6%. Hoje, ainda estamos mais pesados do que o resto do país — cuja média atual é de 50,8%.



Mas, afinal, o que explica o comportamento do porto-alegrense que insiste em negligenciar hábitos saudáveis? A culpa — ou, pelo menos, parte dela — é da costela, da cuca e da macarronada.

— Porto Alegre é uma cidade gaúcha, com hábitos locais diferentes de outros Estados. As populações que colonizaram a cidade, em grande parte, foram as alemãs e italian a s. Além disso, temos os hábitos tradicionalmente gaúchos, como o churrasco. Mas esse é um cenário populacional inteiro. A comida ficou mais barata e mais gorda — aponta o diretor do Centro da Obesidade do Hospital São Lucas da PUCRS, Claudio Corá Mottin.

O secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Jarbas Barbosa, aponta justamente as características regionais para explicar a variação de percentuais:

— Esse índice pode ser alterado pela própria estrutura demográfica das cidades. Como o excesso de peso tende a aumentar ao longo da vida, capitais que têm um processo de envelhecimento mais acentuado pode m apresentar essa diferença no comportamento.

No quesito obesidade, Porto Alegre aparece na 12ª posição, com percentual de 17,7% — bem próximo à média nacional, de 17,5%. O dado verificado em todo o Brasil também agradou ao Ministério da Saúde, já que, pela primeira vez desde 2006 — ano da primeira pesquisa Vigitel —, a obesidade parou de crescer no país. O estudo que retrata os hábitos da população brasileira é feito anualmente e, nesta edição, ouviu 53 mil adultos em todas as 26 capitais e também no Distrito Federal.

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