De nossa AMICOR: Maria Inês Reinert Azambuja
Serviço público e desenvolvimento – uma questão para Dilma
julho 31, 2012 em Destaques por Equipe do Blog
Por Maira Inês Azambuja, médica e professora do Depto. de Medicina Social da UFRGS.
O proximo Congresso da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO) irá ocorrer em Porto Alegre, nas dependências da UFRGS, entre os dias 14 e 18 de Novembro. O tema deste Congresso é “Saúde é Desenvolvimento”. Com ele, a ABRASCO quer chamar a atenção para o fato de que a relação “saúde – desenvolvimento” tem duas mãos: desenvolvimento afetando a saúde (para o bem e o mal) e a Saúde, como setor econômio, também motor de desenvolvimento – entrando nesta conta a produção científica (inclusive a editorial), a inovação e o desenvolvimento tecnológico, a produção de equipamentos, fármacos e insumos para o atendimento ao mercado interno e para exportação, o estímulo à alimentação saúdável e ao exercício (e o que eles implicam em termos de produção de alimentos, equipamentos, vestuário, restaurantes, praças e academias), sem falar na assistência em si – que ocupa profissionais das 14 profissões na área da Saúde, e também auxiliares de saúde, profissionais da nutrição, de lavanderias, eletrecistas, pessoal de informática e sistemas, de mídia e marketing, cuidadores, motoristas, seguranças, todo o pessoal administrativo necessário para a organização e manutenção de sistemas de atenção à saúde, e todos os envolvidos na construção da infraestrutura dos serviços (industria da construção, bancos, financeiras…).
Se o Setor Saúde não é usualmente percebido pela sua força econômica, e sim – equivocadamente – como gerador de despesa, o mesmo ocorre com os funcionários públicos.
Abro a Zero Hora de hoje e leio que a Presidente Dilma prepara um novo pacote de corte de impostos para o setor privado, no momento em que quase 500 mil funcionários públicos estão em greve. Como professora universitária, uma das categorias que está em greve e para a qual o governo propõe um reajuste parcelado até 2015 que não cobrirá a inflação do período, tenho que perguntar à Presidente Dilma… Não há um equívoco sendo cometido aquí?
Para quem o governo deveria entregar dinheiro? Diretamente ao setor privado – privilegiando os desde sempre privilegiados e em particular algumas categorias reiteradamente eleitas como motores da economia? – Ou a seus funcionários, trabalhadores em serviços públicos essenciais como Saúde e Educação, e que com os merecidos reajustes, e ao exercitarem suas escolhas individuais de consumo, farão a economia girar e de maneira mais equilibrada, com mais consumo e geração de empregos distribuídos para grandes e pequenos empresários em todos os setores?