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Monday, March 23, 2015

Autismo e Resperidona

ESPERANÇA CONTRA O AUTISMO

ESTUDO ERA SOBRE potencial tratamento oncológico, mas, de forma incidental, levou cientistas a resultados promissores para pacientes que sofrem de transtornos neuropsiquiátricos de desenvolvimento

Um achado incidental em uma pesquisa relacionada ao câncer se transformou em esperança para as famílias de autistas. Em curso há três anos no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), o estudo – inicialmente destinado a avaliar uma nova e potencial estratégia de tratamento oncológico – levou os cientistas a tomar o caminho de outras áreas da medicina, alcançando resultados surpreendentes e promissores para pacientes que sofrem com transtornos neuropsiquiátricos de desenvolvimento.

Gilberto Schwartsmann, chefe do Serviço de Oncologia, e Rafael Roesler, responsável pelo Laboratório de Pesquisas em Câncer, investigavam os efeitos de uma substância – relacionada à produção de secreção ácida no estômago – capaz de inibir o crescimento de tumores. No curso dos experimentos, perceberam efeitos em processos que envolvem comportamento social e memória de experiências afetivas.

GRANDE MELHORA NA INTERAÇÃO SOCIAL

A partir desta etapa, os pesquisadores rumaram para a neuropsiquiatria e a análise do cérebro, contando com Rudimar Riesgo, chefe da Unidade de Neuropediatria. No total, 23 pacientes já foram testados (leia mais no quadro da página ao lado).

O autista costuma apresentar dificuldades de comunicação e interação social, estereotipias (movimentos repetitivos, como a agitação das mãos) e repertório restrito de interesses. A condição provoca intenso sofrimento e esgotamento físico e emocional de pais e demais cuidadores, que dispõem de apenas dois medicamentos específicos para tratar do autismo – a risperidona e o aripiprazol, atenuantes da irritabilidade.

As crianças selecionadas, com autismo de graus moderado e grave, receberam a proteína GRP em doses injetáveis durante quatro dias. O efeito da substância se prolongou por até duas semanas. Nesse período, os cientistas verificaram grande melhora na interação social, na comunicação, na irritabilidade e na hiperatividade.

– Trabalho há 24 anos com neuropediatria. A coisa funciona – empolga-se Riesgo.

LARISSA ROSO

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