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Wednesday, January 04, 2012

Paz








04 de janeiro de 2012 | N° 16936  



ARTIGOS ZH

Paz, por Aloyzio Achutti*

Dentre as mensagens de fim de ano recebidas, uma em especial me fez pensar, e merece ser compartilhada. Foi da jornalista Barbara Frazer, da revista inglesa The Lancet, que me procurara para escrever o obituário de nosso saudoso Scliar. A mensagem não é nova, diz “Busca a paz e vai ao seu encalço” (Salmo 34, 14). Parece que nada tem a ver com o mundo de hoje, e certamente também não com o da época em que o salmista a escreveu.

O noticiário e os outros conteúdos da mídia estão repletos de violência, guerra e desastres naturais ou provocados. Em parte estão refletindo uma seleção baseada em mecanismos de defesa contra os riscos do quotidiano, mas nem de longe se vislumbra um ambiente de paz.

Há muitas tentativas para explicar a violência, a guerra e o mal no mundo. Seriam simplesmente fenômenos naturais? Inerentes à natureza humana? Explicações religiosas, biológicas, antropológicas. Pecado original, preservação da espécie, defesa do território...

As explicações não resolvem o problema, mas ao menos nos ajudam a melhor compreendê-lo, tolerá-lo e buscar melhor controle, mesmo sem esperança de solução definitiva. Por natureza, a vida e tudo no cosmo estão em equilíbrio instável que depende de permanente adaptação. Nós, pessoas humanas, somos interdependentes e dependentes do ambiente em que vivemos, e a qualidade de nossas vidas depende também da busca desse equilíbrio.

A mensagem aponta-nos uma direção, mas não nos fala de uma chegada, pelo contrário, apenas nos estimula a prosseguir num caminho, sem desistir do projeto. Trata-se, então, de buscar uma ilusão?

Tentando melhor entender o sentido, me dei conta de que no domínio da ciência também é assim. Caminhamos em busca da verdade, mas nunca chegaremos lá. Às vezes, entramos em caminhos falsos, e, mesmo quando estamos na direção certa, cada conquista só nos faz aumentar ainda mais o horizonte da pesquisa e do questionamento...

No domínio biológico, na medicina e na saúde, também temos que conviver com incertezas, imperfeições, doenças, violências e sofrimento. No entanto, é preciso viver, aproveitar a vida e tudo de bom que ela nos oferece enquanto dure, contando com nossa capacidade de busca da adaptação e do equilíbrio.

Embora a vida de cada um sempre termine em fatalidade, para entendê-la é preciso sair da escala individual e contemplá-la globalmente (no tempo e no espaço). Temos que fazer nossa parte do projeto humano, sem ilusão de lá chegar. A vida é a jornada na qual vamos ao encalço da saúde, da verdade, do bem, e da paz.

Saúde e paz não são fins em si mesmos. São meios para nos aproximarmos de uma vida mais feliz, e o ano novo não será ainda um ano de paz, mas é preciso andar em seu encalço...
*MÉDICO
Nota: http://www.barbara-fraser.com/  Site da Bárbara, acompanhe.
She is a freelance journalist based in Lima, Peru. With 20 years of experience in Latin America, she puts a human face on current events and public policy. She offers research, writing, editing and photography services, with particular expertise in Latin American, environmental, public health and social issues. 
Member, Society of Environmental Journalists and National Association of Science Writers.

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