Da semana que passou:
14.03.2018
Assisti ontem a conferencista Elizabeth Torresini, sobre o tema “A formação Médica no RS 1898-1931”. Foi uma longa jornada na cultura médica ocidental, passando por várias etapas, desde o misticismo até o primado científico que julgamos ser o paradigma mais evoluído.
15.03.2018
Hoje encontrei na publicação da Enciclopédia Britânica, nos lembretes de fatos
do mesmo dia calendário, artigo sobre Franciscus Sylvius http://amicor.blogspot.com.br/2018/03/franciscus-sylvius-march-15-1614-hanau.html
que teria contribuído de maneira substancial para uma das mudanças de paradigma médico com vistas no processo saúde/doença.
Meu amigo falecido Geoffrey Rose chamava atenção para as “causas das causas” possível novo paradigma a ser visado mas em conflito com nossa cultura dominante atual, particularmente a cultura médica.
Passada a fase do misticismo, não conseguimos evoluir nos determinantes de saúde/doença muito além da “visão imediata do cenário do crime”. Evitamos de evoluir no conhecimento da cadeia causal para além de agentes biológicos, químicos ou traumáticos. A descoberta da genética veio acrescentar mais uma desculpa para explicar a saúde e seus percalços tirando a responsabilidade do próprio homem (self-made men diseases).
Enquanto não alongarmos nossa visão procurando as causas das causas em nosso comportamento, em nossos próprios atos, e como nos organizamos em sociedade, nossas explicações e soluções continuarão sendo apenas sintomáticas superficiais e muitas vezes enganosas.
Convém nos mantermos fora da confusão também porque temos interesse na existência das doenças como fonte de renda, e das indústrias mais lucrativas em nosso mundo atual.
Explorando esta linha de pensamento, se nossa conferencista tivesse dado um passo a mais na construção do retrato idealizado da formação médica, estaria completa.
A formulação da hipótese da medicina como uma profissão voltada para a prática da ajuda é diametralmente oposta à visão atual de mercado da doença como resultado de práticas geradoras de prejuízo para nossos semelhantes, circunstâncias e meio ambiente.
Também a conferência me fez lembrar o pensamento e as obras de outro amigo (ainda vivo com 94 anos, vivendo em Boston) Bernard Lown. Prêmio Nobel de 1985 “A Arte Perdida de Curar”. Na nossa língua curar está muito ligada à erradicação de doenças, mas em Inglês “Care” tem o significado de cuidar, que pode ser entendido como prática da ajuda.
Tinha vontade de continuar, mas devo saber que texto mais extenso pouca gente vai ler e o que importa é mobilizar o que cada um de nós já tem na mente.
Casualmente, nesta semana mais alguns artigos cuja referência colhi no AMICOR poderiam dar continuidade ao assunto, ou chamaram-me atenção por ter assistido a bela apresentação da conferencista Elizabeth.
Em tempo:
Brindou-nos também a conferencista com considerações sobre nosso imortal Érico Veríssimo, cuja fase final de sua existência, esteve sob meus cuidados profissionais e de minha esposa Dra. Valderês.
Aproveito para reapresentar um texto publicado há mais de dez anos:
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