Este artigo, publicad na ZH de hoje, foi escrito por um primo meu, filho de um de meus tios médicos - Ary Cechella (1922-1977) - nascido quando eu estava nos primeiros anos da Faculdade. Lembro-me quando ele veio a Porto Alegre trazendo o filho nos braços, com menos de um ano de vida, com dispnéia e o diagnóstico fora de pneumonia. Como ele não melhorasse com os tratamentos, resolveu ministrar-lhe Digitaline Nativelle, com o que ele ficou bem, desenvolveu-se, fez curso superior de educação física e foi atleta, campeão gaúcho de natação. Submeteu-se a um transplante cardíaco a 23 anos e vai muito bem.
São poucas as pessoas que tiveram uma nova oportunidade de vida como a que eu tive. É incrível poder dizer que eu estou há 23 anos vivendo com coração de outra pessoa. Recentemente comemorei o aniversário de meu transplante de coração, feito dia 16 de maio de 1989, e recordar é como lembrar toda uma vida. Foram muitos os obstáculos superados.
Antes disso, eu, um atleta, jamais tinha pensado na possibilidade de meu coração falhar.
Mas ele falhou e o medo de morrer foi uma constante através das paradas cardíacas enfrentadas até a realização do transplante de coração.
Na época da realização do mesmo, a certeza de sucesso era imprevisível. Poucos transplantes de coração haviam sido feitos no mundo. E fazia muito pouco tempo que havia sido retomada a técnica de transplante cardíaco no Brasil pela equipe de cirurgia cardiovascular do Instituto de Cardiologia do RS, liderada pelo professor Ivo Nesralla, após o surgimento do medicamento de controle de rejeição do órgão, a ciclosporina.
Aos poucos, todos os problemas pós-transplante foram sendo superados e minha vida retornou a normalidade. É lógico que com outra forma de ver o mundo, pois quem passou por essa experiência passa a enxergar a vida com outro olhar. Ou seja, a grosso modo você passa a valorizar também todos os pequenos detalhes do dia a dia. Para um transplantado, cada dia que passa é uma vitória e ela mostra como é importante a questão da doação de órgãos. O ato de solidariedade de uma família doadora possibilitou eu estar escrevendo esta mensagem.
Agradeço publicamente e eternamente a essa família e aproveito a oportunidade para convidar os que estão me lendo neste momento a refletir sobre a doação de órgãos.
Sugiro que conversem com a sua família e tomem a decisão de doar. “Não leve seus órgãos para o pa-raíso... O paraíso sabe que nós precisamos deles aqui.”
*TRANSPLANTADO CARDÍACO NO INSTITUTO DE CARDIOLOGIA DO RSAntes disso, eu, um atleta, jamais tinha pensado na possibilidade de meu coração falhar.
Mas ele falhou e o medo de morrer foi uma constante através das paradas cardíacas enfrentadas até a realização do transplante de coração.
Na época da realização do mesmo, a certeza de sucesso era imprevisível. Poucos transplantes de coração haviam sido feitos no mundo. E fazia muito pouco tempo que havia sido retomada a técnica de transplante cardíaco no Brasil pela equipe de cirurgia cardiovascular do Instituto de Cardiologia do RS, liderada pelo professor Ivo Nesralla, após o surgimento do medicamento de controle de rejeição do órgão, a ciclosporina.
Aos poucos, todos os problemas pós-transplante foram sendo superados e minha vida retornou a normalidade. É lógico que com outra forma de ver o mundo, pois quem passou por essa experiência passa a enxergar a vida com outro olhar. Ou seja, a grosso modo você passa a valorizar também todos os pequenos detalhes do dia a dia. Para um transplantado, cada dia que passa é uma vitória e ela mostra como é importante a questão da doação de órgãos. O ato de solidariedade de uma família doadora possibilitou eu estar escrevendo esta mensagem.
Agradeço publicamente e eternamente a essa família e aproveito a oportunidade para convidar os que estão me lendo neste momento a refletir sobre a doação de órgãos.
Sugiro que conversem com a sua família e tomem a decisão de doar. “Não leve seus órgãos para o pa-raíso... O paraíso sabe que nós precisamos deles aqui.”
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