Quando alguém sofre uma tragédia pessoal, muitos dos amigos
considerados mais próximos se afastam, negando o apoio
esperado na hora difícil. E a amargura tem, entre outras coisas,
a capacidade de separar amigos e companheiros, porque esses
e aqueles se confundem nos momentos felizes, mas são
dolorosamente depurados nos momentos de dor.
Claro que haverá sempre aqueles que só servem mesmo
para a comemoração e nunca se poderá contar com eles, nem com a escassa utilidade que têm.
Mas existem os que timidamente se retraem, e na distância sofrem muito pela desgraça do
amigo, simplesmente por não saberem se oferecer para ajudar, nem o que dizer para confortar.
Outros, ingenuamente, supõem que se falarem sem parar, estarão desviando o foco doloroso.
Ridiculamente, relembram experiências tolas, ignorando que no sofrimento mais intenso a
verdadeira ajuda não consiste em distrair, mas em compartilhar.
Passado algum tempo, é comum que a reminiscência mais carinhosa daquela passagem
sofrida não tenha sido o discurso formal, mas um abraço prolongado ou um aperto de
mão daqueles que se tem a sensação de que não se quer soltar, ou simplesmente a
cumplicidade de um silêncio.
Leo Buscaglia serviu de jurado num concurso de histórias infantis e se encantou
com o relato de um garoto de seis anos que tinha um vizinho idoso, cuja esposa
havia falecido recentemente. Ao vê-lo chorar, encolhido no quintal, o menino
pulou o muro e simplesmente se sentou ao lado dele.
No dia seguinte, a família recebeu um buquê de flores com o agradecimento
comovido do vizinho.
Quando a mãe perguntou ao menino o que havia dito ao velhinho, ele respondeu:
– Nada. Só o ajudei a chorar.
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